Fidel Trigo, o homem que derrubou um avião com uma bolada

Fidel Trigo, o homem que derrubou um avião com uma bolada

Em 1957, o então jovem atleta "abateu" um monomotor durante o intervalo de uma partida em Assunção

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A ausência de registros audiovisuais, até pela época em que o fato ocorreu, faz a história soar inverossímil. Mas o protagonista ainda está vivo para relembrá-la, com o testemunho de quem esteve ao seu lado naquela inesquecível tarde de sábado, em Assunção.

Corria fevereiro de 1957 quando o jovem Fidel Trigo, de 16 anos, enfileirava as linhas do General Genes em uma partida contra o Presidente Hayes, no bairro de Villa Morra, hoje centro financeiro da capital guarani, pelas divisões inferiores do futebol nacional.

Fidel Trigo
Fidel Trigo explica como protagonizou a façanha em 1957 (Foto: Reprodução/Conmebol)

Segundo narra o ex-defensor em antiga entrevista à Conmebol, o jogo estava no intervalo quando o técnico José Orrego orientava seus comandados debaixo da sombra de uma árvore, mas um monomotor de asa alta que sobrevoava o campo dificultava sua tarefa.

Era Alfredo Lird, que fazia seus primeiros voos como piloto civil e dava rasantes na cancha, a bordo de um Paulistinha CAP-4, equipado com motor de 90 cavalos e hélice de madeira, segundo dados fornecidos pelo historiador Antonio Luís Sampienza.

Irritado, o treinador queixou-se do barulho até ouvir a seguinte promessa de um determinado Trigo. “Espere, professor. Eu vou dar a ele um remédio”, proferiu o volante antes de andar até o meio de campo e chutar uma bola em direção à aeronave.

Para espanto geral, o jogador conseguiu acertar a hélice e a quebrou. A tampa do motor também foi atingida devido à mira cinematográfica dele e caiu perto do gol, enquanto o avião perdia altitude e se direcionava para um terreno não muito longe dali.

Assustado, Trigo saiu correndo e foi para casa esconder-se debaixo da cama de sua avó, a dona Josefa, que morava perto do estádio, segundo confirma o ex-presidente do General Genes Alfonso Rivas. O ex-volante Silvio Acosta também ratifica a história.

CAP- 4 Paulistinha
Modelo similar ao CAP- 4 Paulistinha “abatido” em Assunção (Foto: Reprodução/autoentusiastas.com.br)

Por sorte, Alfredo Lird e seu copiloto saíram praticamente incólumes do que poderia ter se tornado uma tragédia. O público deixou o estádio para averiguar o acidente, inclusive os árbitros. Depois de ajudá-los, todos voltaram e deram continuidade ao embate.

E Trigo? Bem, os pilotos foram tranquilizá-lo na casa da avó dele, que os esperava com uma vassoura, com medo de que levassem o neto preso, explica Rivas. O jovem atleta, agora mais calmo, retornou à partida e ainda viu sua equipe derrotar o Presidente Hayes.

Essa é só mais uma das curiosidades épicas que acontecem no futebol e que poderiam entrar para a história como meros folclores, não fossem a memória de seus protagonistas e o relato de testemunhas. Coisas do mundo da bola.

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Jornalista formado pela Faculdade Cásper Líbero, é apreciador do futebol latino, do teor político-social do esporte bretão e também de seu lado histórico.