A história de Will Grigg, o reserva mais amado da Euro

A história de Will Grigg, o reserva mais amado da Euro

Ídolo sem jogar, atacante norte-irlandês atuou no sétimo escalão do futebol inglês e quase abandonou a carreira.

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Fosse junho de 2015, e não de 2016, você provavelmente jamais teria ouvido falar de Will Grigg. Sensação da Eurocopa mesmo sem ter jogado um minuto sequer até agora, o norte-irlandês é tema do grande hit das arquibancadas.

“Will Grigg está pegando fogo, sua defesa está aterrorizada”, cantam os norte-irlandeses em loop no estádio, nas ruas ou em estabelecimentos franceses a todo momento nas últimas semanas. A música, como você já deve ter ouvido falar por aí, foi escrita por um torcedor do Wigan, atual clube de Grigg, baseada na melodia de “Freed from Desire”, da cantora italiana Gala.

Mas quem é Grigg, afinal? Uma espécie de “rei do acesso”. Nascido na Inglaterra, mas com raízes norte-irlandesas, o atacante de 24 anos foi o grande destaque da terceira divisão inglesa na última temporada. Homem-gol do Wigan, foi o artilheiro da competição, com 25 tentos anotados. De fato, ele está em chamas. A grande fase motivou a canção.

Norte-irlandeses ENLOUQUECIDOS ao cantar para Will Grigg

Na próxima temporada, será a enfim primeira vez na carreira que Grigg não disputará a terceira divisão – se nada mudar. Seus gols ajudaram o Wigan a terminar com o título do torneio, e, a menos que seja contratado por outra equipe, o atacante deve ser um dos pilares da equipe inglesa na Championship em 2016-17.

Seus pais são torcedores fanáticos do Aston Villa. E ele era também. Mas, como volta e meia costuma acontecer no futebol, a primeira chance do centroavante aconteceu no rival Birmingham, aos sete anos. Fez boa parte do trabalho de base dos Blues até ser dispensado aos 16 anos.

Chegou a jogar no semiamador Solihull Moors, em um período em que quase desistiu do futebol. Encontrou algum respiro no Stratford, que disputa ligas regionais – algo como a sétima divisão da Inglaterra.

O suficiente para convencer o tradicional, porém modesto Walsall, a trazê-lo em 2008. Grigg sempre foi tratado como uma promessa pela diretoria da equipe da terceira divisão. Mas só deslanchou em 2012, quando terminou a temporada com 19 gols.

Acabou comprado pelo Brentford, mais rico, embora também da terceira divisão. Lá, passou por uma grande seca: foram apenas quatro gols em um ano. Seu time subiu, mas Grigg não foi considerado para a temporada seguinte.

Will Grigg observando uma defesa aterrorizada (Foto: Reprodução)
Will Grigg observando uma defesa aterrorizada (Foto: Reprodução)

Isso levou o jogador a ser emprestado ao MK Dons, também da terceirona. Lá, recuperou seu futebol. Foi importante, fez 22 gols e levou a equipe para a segunda divisão. Disputaria a Championship, enfim? Não desta vez.

O norte-irlandês aceitou a proposta do tradicional Wigan, que no mesmo ano caiu para a terceira divisão inglesa. Chegando como reforço de alto nível, o atacante celebrou seu terceiro acesso consecutivo. E, ao que parece, enfim enfrentará o Birmingham no próximo ano. E também o Aston Villa, rebaixado para a Championship em 2015-16.

Foi convencido a defender a Irlanda do Norte desde as seleções de base, levando em conta principalmente suas possibilidades de ser convocado para o time principal. O que aconteceu em 2012, mesmo estando no terceiro escalão do futebol da Inglaterra.

De lá para cá, foram apenas sete jogos. O primeiro gol só saiu em maio deste ano, às vésperas da Euro. Grigg entrou no segundo tempo do amistoso contra a Bielorrússia e fechou o placar de 3 a 0. Foi o suficiente para os torcedores começarem a cantar o hit do atacante que já era sucesso no Wigan. E pegou.

O atleta seguiu como reserva, já que o técnico Michael O’Neill opta pelo experiente Kyle Lafferty, do… Birmingham. Principalmente pelo jogo aéreo – Lafferty tem 1,93m, contra 1,80m de Grigg. Mas não precisou de mais que isso para se tornar ídolo em seu país – ainda que de forma folclórica.

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