Desde que começou a ser organizada em 1960, coincidentemente na França, a mesma sede deste ano, a Eurocopa teve 14 edições em variados modelos e consagrou nove campeões distintos. A Alemanha e a Espanha são hoje as maiores vencedoras do certame, com três conquistas cada, enquanto “Les Bleus” também pertencem ao seleto grupo daqueles que possuem mais de um título, graças às vitórias em 1984 e 2000.
Desta maneira, estabeleceu-se uma hierarquia no Velho Continente. Entretanto, como nossa mente é capaz de driblar indiscriminadamente os padrões existentes e a realidade fria, é possível fazer um esforço e tentar imaginar como seria o atual panorama do futebol europeu caso os perdedores tivessem dado a volta olímpica. O cenário mudaria muito em relação aos dias atuais? Vejamos.
Além das seleções mencionadas, Grécia, Dinamarca, Países Baixos, Itália e as extintas Tchecoslováquia e União Soviética também ostentam em seus memoriais um troféu da competição.
Só que a hipótese aqui exercitada traria significativas mudanças ao quadro contemporâneo, sendo talvez a principal delas a manutenção dos alemães no topo da lista, já que o país perdeu três das seis finais que disputou.
A segunda variação importante seria a ausência da maior parte dos selecionados campeões no rol de vencedores, pois quatro das nove equipes nacionais participaram apenas uma única vez de uma decisão. Exceção, a França ganhou nas duas oportunidades em que chegou à última fase do torneio continental. Sendo assim, haveria também um encolhimento mínimo de nove para oito países que sentiram o doce gosto da glória.
Finalista em 1976, 1992 e 2008, quando perdeu a disputa pelo título para Tchecoslováquia ((5) 2×2 (3)), Dinamarca (2×0) e Espanha (1×0), respectivamente, a Alemanha seguiria com três taças.
No entanto, estaria empatada com a União Soviética, que foi derrotada pela Espanha (2×1), em 1964, e pela própria Alemanha (3×0), em 1972, além de ter caído diante da Holanda (2×0), em 1988.
Em segundo lugar, Itália e a Iugoslávia ficariam igualadas. Por um lado, a Azzurra viu o sonho do bicampeonato ser frustrado em 2000 pela vitória francesa nos acréscimos (2×1) e também 12 anos mais tarde pelo massacre espanhol (4×0). Já o país iugoslavo, suspenso em 1992 devido a uma guerra civil e desintegrado em 2003, perdeu para a URSS (2×1), em 1960, e para a Itália em 1968.
Na sequência, apareceria a “ótima geração” da Bélgica, superada pela Alemanha Ocidental (2×1) em 1980, e a Espanha, que viu a França celebrar a conquista na edição de 1984, depois de perder por 2 a 0, em Paris. Ao lado delas estaria Portugal, vítima da Grécia (1×0) em 2004. Por fim, a República Tcheca, surgida após a dissolução da Tchecoslováquia em 1992 e vice-campeã europeia diante da Alemanha (2×1) em 1996.
É realmente difícil mensurar quais seriam as consequências nesse universo revertido. Quem poderia ser elevado ao patamar de lenda? Quem assumiria o papel de vilão? Quais seriam os legados? As escolas de futebol continuariam sendo vistas da mesma maneira? Há várias questões que merecem ser pontuadas e trariam amplas discussões sobre o tema. Por exemplo, o que seria de Felipão se ele tivesse sido campeão em 2004?
A despeito das vitórias incontestáveis, é interessante notar que pequenos detalhes como uma bola na trave poderiam ter contribuído para uma mudança relevante na história. Como o passado não pode ser alterado, cabe ao nosso empenho fantasioso a criação de narrativas alternativas, muitas vezes pertinentes para se reconsiderar a importância de valores perdidos em meio a um duro e traumatizante revés.
Veja abaixo como é e como seria a lista, se os perdedores tivessem vencido.
Como é:
1º. Alemanha – 3 títulos (1972, 1980 e 1996)
Espanha – 3 títulos (1964, 2008 e 2012)
2º. França – 2 títulos (1984 e 2000)
3º. União Soviética – 1 título (1960)
Itália – 1 título (1968)
Países Baixos – 1 título (1988)
Tchecoslováquia – 1 título (1976)
Dinamarca – 1 título (1992)
Grécia – 1 título (2004)
Como seria:
1º. Alemanha – 3 títulos (1976, 1992 e 2008)
União Soviética – 3 títulos (1964, 1972 e 1988)
2º. Itália – 2 títulos (2000 e 2012)
Iugoslávia – 2 títulos (1960 e 1968)
3º. Portugal – 1 título (2004)
República Tcheca – 1 título (1996)
Espanha – 1 título (1984)
Bélgica – 1 título (1980)