A força de um continente

A força de um continente

Alambrado analisa o Mundial Sub-17 de 2015 e monta a seleção dos onze melhores do torneio

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O Mundial Sub-17 está na linha tênue entre dois mundos: ser mais um craque do futebol ou apenas mais um foguete molhado. A edição 2015, provavelmente, saciará os dois planetas que se aturam em uma convivência mutualística.

Novamente, o continente africano brilhou e levou à final duas seleções. Das repetições, o México e a confirmação da força na base. Já como nação surpreendente, não tem como não citar a Bélgica. Pela primeira vez, semifinalista do torneio.

A Nigériaconquistou o quinto título do Mundial (Foto: Reprodução/correiodoestado.com.br)
A Nigéria conquistou o quinto título do Mundial (Foto: Reprodução/correiodoestado.com.br)

Neste ano, vivenciamos uma competição de alto nível, com jogos que não deixaram a desejar a muitas partidas entre clubes profissionais. Exemplo disto foi o jogo semifinal entre Nigéria e México. O placar de 4 a 2 refletiu o dinamismo da partida.

A força e velocidade nigeriana bateu a técnica mexicana, em encontro que contou com o gol mais bonito da competição, marcado pelo lateral Cortés, em jogada que se desenhou desde o meio-campo bom beleza rara.

Por falar nos nigerianos, a seleção da África voltou a ser campeã da competição. Pela quinta vez, as Águias soltaram o grito de campeão. O troféu no Chile é o segundo consecutivo. Agora, os nigerianos aparecem ainda mais folgados como maiores vencedores do torneio, acima de Brasil, com três, Gana e México, com dois.

Arrasadores desde a estreia, descomplicaram um dos grupos mais difíceis da competição. Nas sete partidas, foram seis vitórias e uma derrota, com incríveis 23 gols marcados e apenas cinco sofridos. E, o mais importante, com uma dupla que promete para o futuro: Nwakali e Osimhen.

Juntos, os dois marcaram treze gols e deram cinco assistências. O segundo, inclusive, bateu o recorde de gols em uma mesma edição, que pertencia a Coulibaly e Sinama-Pongolle, que marcaram nove gols.

O rival na final foi outra fortíssima seleção. Mali deu as cartas mais uma vez na base e mostrou estar disposta a ser uma das novas potências da base mundial. O trio formado por Malle, Maiga e Koita, de só 15 anos, deu sinais de bom futebol. Se no Mundial sub-20, ficaram com o terceiro lugar, o vice-campeonato mostra um passo a mais.

Os outros semifinalistas também demonstraram qualidades. O México, das principais forças mundiais, apresentou uma equipe de baixa média de altura e de excelente nível técnico. Jogadores como Cortes, Pablo Lópes, Vanegas, Alan Cervantes, Kevin Magaña, Eduardo Aguirre e Zamudio devem jogar pela seleção principal.

Nos últimos três mundiais, duas finais e um quarto lugar. Exemplo de trabalho bem construído e desenvolvido. Assim como os belgas, que evoluíram nos profissionais e não deixaram a base se distanciar. Pela primeira vez, chegaram a uma semifinal de Mundial Sub-17.

A seleção brasileira fez um torneio de altos e baixos. A boa geração 98, atual campeã do Sul-Americano da categoria, não engrenou e não contou com a sorte, já que enfrentou a Nigéria nas quartas de final e perdeu por 3 a 0. Mesmo assim, diversos destaques devem aparecer em seus clubes nos próximos anos.

Entre as surpresas, Croácia, Costa Rica e Equador deram o que falar, e buscaram uma vaga nas quartas de final. Os europeus do leste, inclusive, mostraram destaques de excelente nível, como Moro, Brekalo e Lovren.

As decepções também foram tônicas do torneio. França e Alemanha, pelos potenciais, poderiam ir além das oitavas de final. Já Inglaterra e Argentina fizeram papelões ao caírem ainda na primeira fase.

Seleção do Mundial sub-17, formada em um 4-3-3

Goleiro

Adrian Šemper – 17 anos – Croácia – Dínamo de Zagreb

A qualidade demonstrada por Šemper diante da Alemanha, na vitória croata nas oitavas de final, impressionou. A melhor atuação de um goleiro na competição sediada no Chile foi vista nesta partida. Alto, o arqueiro da Croácia mostrou agilidade e reflexo. Boa opção para uma escola que já revelou o histórico Pletikosa.

Lateral-direito

Diego Cortés – 17 anos – México – Chivas

Difícil dizer algo após o gol marcado por Cortés sobre a Nigéria, nas semifinais. Entre tantos gols bonitos, o do lateral mexicano chamou atenção pela plasticidade e dificuldade. No lance, ficou evidenciada a facilidade do ala para chegar ao ataque, sua principal característica. A qualidade do baixinho foi manchete em quase todo o mundo.

Zagueiros

Wout Faes – 17 anos – Bélgica – Anderlecht

Impossível não se lembrar de David Luiz assim que vemos a imagem do zagueiro belga. Fortaleza do bom sistema defensivo da Bélgica, que tomou nove gols em sete jogos, Faes era o líder e capitão da surpreendente equipe. Além da imposição na defesa, arriscava ótimos lançamentos e idas ao ataque.

Francisco Venegas – 17 anos – México – Pachuca

Zagueiro de boa intimidade com a bola, pode ser um defensor de muito futuro. Técnico, com boa saída de jogo e ótimo senso de marcação, Venegas foi o destaque de um sistema defensivo não tão confiável do México. A qualidade na bola aérea também se sobressaiu: foram três gols dessa maneira na competição.

Lateral-esquerdo

Pervis Estupiñan – 17 anos – Equador – LDU

Na posição em que menos destaques surgiram, Estupiñan foi o ponto forte de um Equador agudo. Válvula de escape do time, mostrou velocidade pra atacar e bom senso de marcação. No Sul-americano da categoria, já havia sido eleito para a seleção reserva. Com a evolução na parte técnica, tem tudo para ser um lateral de ótimo nível.

Meio-campistas

Alan Cervantes – 17 anos – México – Guadalajara

A calma ao dar cada passe no meio-campo impressionava. Tranquilidade, visão de jogo e bom poder de marcação elevaram Cervantes ao status de motor dos mexicanos. Além de toda qualidade com a bola nos pés, o meio-campista foi implacável na marcação dos adversários. Lembra o também mexicano Jonathan dos Santos.

Kelechi Nwakali – 17 anos – Nigéria – ASJ Academy

Nwakali foi o craque do torneio (Foto: Reprodução/fifa.com)
Nwakali foi o craque do torneio (Foto: Reprodução/fifa.com)

O craque do Mundial sub-17. Autor de três gols e três assistências, Nwakali demonstrou potencial de craque. Comparado a Okocha, mostrou força para defender e qualidade para armar o jogo. Diferentemente de Ineahacho, não tem tanto o instinto do gol intrínseco. Caso recue mais, pode se tornar um volante de nível mundial no futuro.

Nikola Moro – 17 anos – Croácia – Dinamo de Zagreb

Armador clássico, Moro ganha destaque na Croácia desde muito cedo. Um dos astros da badalada categoria de base do Dinamo, foi o camisa 10 de um time que fez história ao ganhar a Nike Cup. No Mundial, liderou as ações de uma equipe empolgante. Junto a Brekalo, foi um desatinado às zagas rivais. Além da qualidade no passe, o bom chute lhe rendeu três gols.

Atacantes

Samuel Chukwueze – 16 anos – Nigéria – Diamond Academy

Um ano mais novo que a maioria dos jogadores, Chukwueze é um poço de força e velocidade. Ponta-direita muito veloz, brilhou na primeira fase. Contra o Chile, teve uma atuação impecável. Marcou três gols no torneio e foi uma das peças-chave da equipe campeã.

Sékou Koita – 15 anos – Mali – USC Kita

Com apenas 15 anos, Koita mostrou uma qualidade espetacular para um garoto, com um futebol de habilidade pura. Liderou Mali ao vice-campeonato, com belos dribles em velocidade e chutes poderosos. Deve ser destaque na equipe sub-20 no próximo Mundial.

Victor Osimhen – 16 anos – Nigéria – Ultimate Strikers FC

O que falar de um atacante que marcou dez gols em sete partidas? Recordista histórico do Mundial sub-17, Osimhen mostrou um bom poder de finalização e frieza impressionante diante do goleiro. Comparada a vários ídolos locais, deve evoluir em clubes europeus.

Seleção reserva – formada em um 4-3-3

Samuel Diarra (Mali); Abdoul Danté (Mali), Joaquín Esquível (México), Vinko Soldo (Croácia), Rogério (Brasil); Timothé Cognat (França), Pablo López (México), Dante Rigo (Bélgica); Amadou Haidara (Mali), Aly Malle (Mali), Josip Brekalo (Croácia)

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