Ídolo do Belgrano, Olave recebe merecida homenagem em sua despedida

Ídolo do Belgrano, Olave recebe merecida homenagem em sua despedida

Celebrado pela torcida, goleiro celeste e ícone do futebol argentino se aposenta aos 40 anos

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Juan Carlos Olave - Belgrano vs Rosario Central
Com 382 aparições, “Juanca” tornou-se lenda no Pirata cordobês (Foto: Divulgação; Daniel Caceres)

Idolatria não se mede por títulos, tampouco por fama ou reconhecimento internacional. Essa condição, na verdade, está relacionada a identidade, paixão, entrega. Enfim, a tudo o que um jogador pode dar verdadeiramente de si mesmo ao clube que ele representa.

No último domingo (18), um grande ídolo, desses à moda antiga, aposentou-se do futebol. Trata-se do argentino Juan Carlos Olave, de 40 anos, histórico goleiro do Belgrano e atleta que mais vezes trajou a camisa do referido time, com 382 aparições ao longo de suas três passagens em Córdoba (1995-97, 1999-2002, 2007-16).

Embora a despedida não tenha sido a melhor possível, já que o “Pirata” caiu diante do Rosario Central, por 2 a 0, a tarde foi inegavelmente emocionante para o arqueiro, ovacionado pelos fãs no Estádio Mario Kempes, antes e depois do jogo, com faixas, cantos e bandeiras, além de uma merecida placa oferecida pela diretoria.

A emoção era nítida em todos os lados, desde a entrada de “Juanca” no gramado, em meio a crianças vestidas com o uniforme do clube, até o apito final, quando os presentes tiveram um choque de realidade ao perceber que, depois de tantas batalhas, tantas histórias, o eterno guardião da meta celeste não integrará mais o elenco cordobês.

De sua longa carreira, ficará para sempre na memória a atuação que ajudou a definir o rebaixamento inédito do River Plate para a segunda categoria do futebol nacional e a consequente promoção do Belgrano para a elite. No segundo jogo entre as equipes, vale lembrar, Olave defendeu a cobrança de pênalti do atacante Mariano Pavone.

Agora, por um momento, peço licença para um breve relato pessoal. Quando fui pela primeira vez ao Kempes acompanhar um jogo do Belgrano, ainda sem conhecer muito sobre o time, confesso, percebi de imediato a idolatria do goleiro, que saudou a torcida durante o aquecimento e foi prontamente celebrado. Ali reparei em sua grandeza.

Ainda jovem, Olave exercia a função de volante, mudando-se depois para a lateral direita até que lhe sugeriram a meta, da qual nunca mais saiu. Como profissional, debutou pelo Belgrano. Deixou o clube em algumas ocasiões, quando defendeu Bolívar, Gimnasia, Real Murcia-ESP e River Plate, mas sempre voltou. Até domingo passado.

Da próxima vez, ele só voltará nas arquibancadas, como prometeu. “Eu viveria dentro do gol do Belgrano. Esta foi uma das decisões mais difíceis da minha vida. Não sei se sou merecedor disso. Dei tudo o que eu tinha. Se algo foi atingido, peço perdão. Sou um ser humano normal, com meus defeitos e virtudes”, discursou.

Humanamente, Olave desfez-se em lágrimas em pleno jogo quando o telão do estádio reproduziu a defesa daquele pênalti cobrado por Pavone. A homenagem ocorreu aos 24 da etapa complementar, o mesmo minuto em que ele protagonizou a maior façanha do Pirata, em 26 de junho de 2011, no Monumental de Núñez. Assista ao vídeo abaixo.

Ainda que seja desconhecido do grande público no Brasil, esse ícone do futebol argentino merece um espaço de reconhecimento. Que seu legado continue e inspire os futuros guardiões celestes.

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Jornalista formado pela Faculdade Cásper Líbero, é apreciador do futebol latino, do teor político-social do esporte bretão e também de seu lado histórico.