A carruagem costarriquenha virou abóbora? (Parte III)

A carruagem costarriquenha virou abóbora? (Parte III)

Depois de Keylor Navas e Bryan Ruiz, Alambrado analisa a carreira pós-Copa de Joel Campbell, hoje no Villarreal

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Nascido em 1992, Joel Campbell completou 22 anos durante o Mundial no Brasil. Seus números podem não ter sido muito impressionantes, especialmente para um atacante: um gol em cinco jogos. Mas sua importância foi além. De movimentação incessante, o jogador participou ativamente de quase todos os lances ofensivos da equipe. Mostrou ainda um potente chute de longa distância, e sua presença perto da área sempre atraía a marcação adversária.

Não era, contudo, a primeira vez que o atleta chamava a atenção do mundo do futebol. Em 2011, com 19 anos recém-completados, o atacante foi convocado para a disputa da Copa América, competição para a qual a Costa Rica havia sido convidada de última hora, substituindo o Japão, devastado por terremotos e tsunamis. Sem ter se preparado para o torneio, a Federação Costarriquenha decidiu enviar um time sub-23 para representá-la.

Com isso, pouco se esperava daquela equipe. Campbell foi uma surpresa: com um futebol de veterano, brilhou. Principalmente diante da Bolívia, quando fez um dos gols da vitória por 2 a 0 e  mostrou-se para o mundo. Mais especificamente para o técnico Arsene Wenger. Quase dez dias depois, estava assinando contrato com o Arsenal. Ainda houve tempo para os ingleses desistirem do negócio, mas voltaram atrás e o acerto foi concretizado.

Um dos destaques da Costa Rica na Copa, Joel Campbell hoje defende o Villarreal, emprestado pelo Arsenal (Foto: Divulgação)
Um dos destaques da Costa Rica na Copa, Joel Campbell hoje defende o Villarreal, emprestado pelo Arsenal (Foto: Divulgação)

Repetindo o caso de muitos outros no futebol do Reino Unido, Campbell não conseguiu visto de trabalho inglês e teve de ser emprestado ao Lorient, da França. Inexperiente, não teve muito espaço, sendo quase sempre opção no banco de reservas, somando 27 jogos e quatro gols. Com desempenho abaixo do esperado, acabou não permanecendo na França ou voltando ao Arsenal: foi emprestado ao Bétis na temporada seguinte.

Na Espanha, foi mais bem sucedido. Atuando como um ponta, seguiu com dificuldade para marcar gols, mas conseguia ajudar o time de outras formas. Firmou-se como titular, mas manteve o roteiro da temporada anterior. Não permaneceu e no ano seguinte foi para o Olympiacos. Na Grécia, viveu a melhor fase da carreira: titularidade, 43 jogos e 13 gols (incluindo na Liga dos Campeões), chegando ao Mundial em alta.

Mais valorizado ainda após a Copa, Wenger decidiu que era hora de dar uma chance ao atleta no Arsenal. Brilhou em um amistoso de pré-temporada contra o Benfica, vencido por 4 a 0, chegando a marcar. O atacante não começou como titular, mas foi entrando aos poucos no segundo tempo das partidas. O suficiente para ativar as incansáveis cornetas londrinas. Campbell não só passou em branco em jogos oficiais durante seu primeiro semestre no clube, como também fez partidas muito abaixo da média.

Sua força e dedicação em campo simplesmente não se mostravam suficientes para uma equipe do porte do Arsenal. Longe disso. Campbell errava passes e chutes, perdia posses de bola à toa. Sobraram críticas dos tabloides ingleses, e, consequentemente, da torcida. Até que, em 2015, partiu para o quarto empréstimo da carreira, desta vez para o Villarreal, da Espanha.

No Submarino Amarelo, o desafio é igualmente enorme. A equipe briga no pelotão de frente da liga local, sonhando com vaga na Liga dos Campeões. Mas o desempenho de Campbell tem sido o mesmo do final de 2014. Nenhum gol marcado e um futebol apagado, incapaz de garantir ao atleta uma vaga no onze inicial. Prova de que Campbell não terá espaço na Europa?

Talvez. O jovem atacante é fisicamente ótimo: veloz e forte, ganha divididas e disputas em velocidade. Deixa a desejar, no entanto, na estatura: não é tão alto (1,78 m) para vencer duelos aéreos no Campeonato Inglês, por exemplo, nem possui grande impulsão. Tecnicamente, tem bom controle de bola, bom drible e bom passe. Mas seu grande ponto fraco está nas finalizações. Apesar do chute forte, Campbell tem pouco controle no direcionamento, muitas vezes entregando defesas fáceis aos goleiros adversários.

É este o fator que mais atrapalha o costarriquenho: as pessoas tendem a querer vê-lo fazendo gols. Não é sua especialidade. E, levando em conta os demais atributos, como drible, passe e controle de bola, acaba soando comum em meio a tantos talentos estrangeiros em solo europeu. Assim, a impressão que fica é de que o atacante não desenvolveu seu futebol desde julho de 2011, quando marcou diante da Bolívia na Copa América. Campbell precisa urgentemente trabalhar seu jogo, caso queira se consolidar. Seja expandindo seus pontos fortes, seja reforçando seus pontos fracos. E, dada sua idade, é algo plenamente possível.

Leia mais:

Parte I – Keylor Navas
Parte II – Bryan Ruiz

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