Em novembro de 2007, a tradicional revista inglesa World Soccer estampava em sua capa os 50 jovens mais promissores e talentosos do mundo. Era um exercício válido de previsão do futuro. De uns tempos para cá, essa prática é mais comum – até tendo em vista a maior atenção com as categorias de base.
Naquela edição, podíamos observar talentos do quilate dos argentinos Ángel Di María e Sergio Agüero. Do mesmo lado da turma, lá estavam o badalado nigeriano Rabul Ibrahim e o artilheiro ganês Sadick Adams.
De “novo Ronaldinho Gaúcho” ao “craque foquinha”, a publicação é recheada de grandes personagens. Como toda aposta, alguns vingaram. E muito. Outros não tiveram a mesma sorte e hoje tentam se estabelecer no futebol profissional. Graças ao Soccer Nostalgia, podemos relembrar a revista.
Confira a primeira parte do especial do Alambrado, com 16 paradeiros dos “50 maiores jovens talentos do futebol mundial em 2007”. A colocação dos jogadores vai te surpreender.
Sadick Adams – 01/01/1990 – Gana – Atacante
Onde jogava: Ashanti (Gana)
Onde está: Barakum Chelsea (Gana)
Era o novo: Abedi Pelé
Dotado de um chute potente, Sadick Adams deixou os brasileiros em pânico no Mundial Sub-17 de 2007. Baixinho habilidoso, era dele a incumbência de liderar o ataque ganês – chegou às semifinais do torneio. Logo após a competição, transferiu-se ao Atlético de Madrid, mas nem mesmo seus gols o seguraram na equipe B.
Quem sabe na Espanha tivesse desenvolvido seu potencial. Depois disso, ainda passou pelo Vojvodina, Étoile Sportive du Sahel e alguns clubes árabes até retornar ao seu país de origem. Busca seguir ao menos como profissional na liga local. O talento parece ter ficado escasso.
Ismael Aissati – 16/08/1988 – Holanda – Meio-campista
Onde jogava: PSV (Holanda)
Onde está: Terek Grozny (Rússia)
Era o novo: Cocu
A grande esperança do futebol holandês na metade da década passada, Aissati prometia demais. Meio-campista de ótima qualidade no passe, controle de bola e excelente finalização, era dele a função de comandar o setor no PSV e na seleção holandesa. Debutou no clube com apenas 17 anos. Com a Holanda, fez parte dos onze melhores do Europeu Sub-21 de 2006, quando tinha apenas 18 anos.
Apesar do talento, não chegou a emplacar uma grande sequência. De mais jovem holandês a estrear pela Liga dos Campeões, o jogador agora se encontra estabilizado no distante Terek Grozny, da Rússia. Está elegível para jogar na seleção de Marrocos.
Alexandre Pato – 09/09/1989 – Atacante – Brasil
Onde jogava: Milan (Itália)
Onde está: Chelsea (Inglaterra)
Era o novo: Ronaldo
Em dezembro de 2006, Alexandre Pato chocou o Brasil. Em partida diante do Palmeiras, pela última rodada do Campeonato Brasileiro, marcou um gol e deu duas assistências. À época, tinha apenas 17 anos. Pouco tempo depois, consagrava-se campeão mundial pelo Colorado.
Não havia como pensar melhor começo de carreira. Logo, despertou a atenção do Milan. Porém, com o tempo, foi sucumbindo diante das lesões e outros problemas inexplicáveis. O talento ainda era visível, mas não capaz de colocá-lo no topo do futebol mundial. Atualmente, aos 26 anos, tentará recomeço com o Chelsea. Será que ainda consegue voos maiores?
Anderson – 13/04/1988 – Brasil – Meio-campista
Onde Jogava: Manchester United (Inglaterra)
Onde está: Internacional (Brasil)
Era o novo: Ronaldinho Gaúcho
Anderson é daquelas casos inexplicáveis do futebol. Um dos maiores talentos surgidos no cenário nacional recentemente, brilhou em 2005, com apenas 17 anos. No Grêmio, foi protagonista na lendária “Batalha dos Aflitos”. Na seleção brasileira, foi um dos melhores do Sul-Americano e Mundial Sub-17. Habilidoso, técnico e decisivo. Não tinha como não ser um dos melhores do mundo. Ou tinha?
Após ótima passagem pelo Porto e início arrasador no Manchester United, Anderson caiu de produção. De um atacante habilidoso, virou um volante comum. Em 2015, depois de quase uma década na Europa, voltou ao futebol brasileiro. O clube? O eterno rival do Grêmio, Internacional. Ainda com 27 anos, busca voltar a brilhar no futebol.
Giovani dos Santos – 11/05/1989 – México – Meio-campista
Onde jogava: Barcelona (Espanha)
Onde está: Los Angeles Galaxy (Estados Unidos)
Era o novo: Ronaldinho Gaúcho
Ao observar o espaço dado pela publicação – e também pelo “hype” à época de Barcelona – é fácil perceber que Giovani dos Santos era a grande promessa do mundo em 2007. Aos 18 anos, ainda recolhia os elogios das grandes atuações pela base do Barça. Em 2007, um ano após o seu debute (2006), Giovani era tratado com carinho para ser o sucessor de Ronaldinho Gaúcho.
Talvez abaixo somente de Messi em prestígio, a semelhança física com o craque brasileiro ajudou nas comparações exageradas. E também nas críticas. Sem uma sequência de jogos, foi vendido ao Tottenham, em 2008. Depois disso, vários empréstimos, com lampejos de craque – principalmente pela seleção mexicana.
É justamente pelo México que continua em bom nível. Em clube, chegou ao Los Angeles Galaxy no último ano, com um dos maiores salários da MLS. Por mais que não tenha sido o que prometia, Giovani fez uma carreira sólida, com lances beirando a genialidade.
Gareth Bale – 16/07/1989 – País de Galês – Atacante
Onde jogava: Tottenham (Inglaterra)
Onde está: Real Madrid (Espanha)
Era o novo: Walcott
Um dos grandes acertos da revista. Na época, com apenas 18 anos, Bale ainda era desconhecido do grande público. Porém, já era um dos ótimos valores do futebol britânico. Insinuante na lateral-esquerda, já demonstrava a predileção pelo ataque e os apoios pelo lado esquerdo.
O especialista da bola parada chegava ao Tottenham como grande promessa. E cumpriu. Em seis anos de clube, virou ídolo. Tornou-se o jogador mais caro do mundo, ao ser contratado pelo Real Madrid em 2013, por cerca de 100 milhões de euros. Atualmente, é titular do clube espanhol e lidera a seleção do País de Gales. Já é um dos grandes jogadores da história do país.
Sérgio Aguero – 02/06/1988 – Argentina – Atacante
Onde jogava: Atlético de Madrid (Espanha)
Onde está: Manchester City (Inglaterra)
Era o novo: Romário
Em 2007, Aguero era experiente. Isso mesmo. Aos 19 anos, já era bicampeão Dub-20, pela Argentina. Além do que, já acumulava quase 50 gols, distribuídos por Atlético de Madrid e Independiente. E foi no clube argentino onde estreou aos 15 anos como profissional. Recorde em vigência até hoje.
O franzino atacante cresceu. Além de fisicamente, o futebol e a inteligência em campo fluíram. Hoje, é um dos grandes atacantes do mundo. Também ostenta mais de 120 gols pelo City. Ao lado de Messi, comanda o setor ofensivo da Argentina, por mais que não desempenhe o mesmo futebol que no clube.
Bojan Krkic – 28/08/1990 – Espanha – Atacante
Onde jogava: Barcelona (Espanha)
Onde está: Stoke (Inglaterra)
Era o novo: Messi
O primeiro dos “novos Messi”, Bojan fez história na base do Barcelona. Dono de uma finalização impecável, drible rápido e técnica gigantesca, o clube espanhol estava esperando a joia ser totalmente formada.À época, com apenas 17 anos, já tinha estreado pela equipe.
Junto a Giovani dos Santos, era a esperança de um futuro vencedor. Chegou a marcar quase 1000 gols na base do Barcelona. Porém, a estrela nunca brilhou. Após sucessivos empréstimos, busca um lugar ao sol no Stoke. Camisa 10 dos ingleses, ainda demonstra qualidade apurada e técnica para ainda brilhar.
Ever Banega – 29/08/1988 – Argentina – Meio-campista
Onde jogava: Boca Juniors (Argentina)
Onde está: Sevilla (Espanha)
Era o novo: Gago
Após os títulos da Libertadores e a era Riquelme, o Boca Juniors tinha em Banega a grande esperança para o meio-campo. Em 2007, com a saída de Gago para o Real Madrid, ele assumiu o posto de grande craque no meio dos tradicionais argentinos.
Campeão mundial pela seleção sub-20, chegou ao Valencia, logo depois, com status de craque. Apesar de nunca ter sido o que se esperava, tem seu espaço no mercado europeu. Muito importante no Sevilla bicampeão da Liga Europa, também tem vaga na seleção da Argentina atual.
Breno – 13/10/1989 – Brasil – Zagueiro
Onde jogava: São Paulo (Brasil)
Onde está: São Paulo (Brasil)
Era o novo: Juan
Do distante Brasil, a Europa recebia notícias de um foguete. Assim podemos descrever o início de carreira de Breno. O excelente zagueiro teve em 2007 o seu auge. Com apenas 17 anos, foi vice-campeão da Copa São Paulo. Em dezembro, comemorava o título do Campeonato Brasileiro, como um dos melhores zagueiros da competição e revelação do torneio.
O Bayern de Munique não perdeu tempo. Com a contratação, esperava-se que Breno se destacasse ainda mais. Porém, a falta de adaptação à Alemanha frustrou a todos. Mais ainda: desencadeou problemas pessoais que chegaram ao ápice do zagueiro incendiar a própria casa e ser detido. Atualmente no São Paulo, busca o recomeço. E todos torcem para que volte aos bons tempos, em especial os de 2007.
Gerardo Bruna – 29/01/1991 – Argentina – Atacante
Onde jogava: Liverpool (Inglaterra)
Onde está: Accrington Stanley (Inglaterra)
Era o novo: Messi
Um dos primeiros “novos Messi” da Argentina, Gerardo Bruna era a mais jovem promessa apontada pela revista World Soccer. Aos 16 anos, era a grande esperança do Liverpool – o clube inglês “buscou” o jogador no Real Madrid. A aposta era alta. E parecia certeira. Mas ele não obteve sucesso. São três gols marcados como profissional.
Canhoto, de ótima condução de bola e de grande potencial nas bolas paradas, tinha tudo para comprovar a fama. Porém, não conseguiu. Sem chances no Liverpool, rumou para o Blackpool. Mesmo ainda bem jovem à época, 20 anos, não desenvolveu o seu futebol. Atualmente, quatro anos mais velho, defende o Accrington, da quarta divisão – uma das quedas mais vertiginosas.
Ángel Di María – 14/02/1988 – Argentina – Atacante
Onde jogava: Benfica (Portugal)
Onde está: PSG (França)
Era o novo: Simão
Discreto na seleção argentina campeã mundial sub-20 em 2007. Discreto no título da Liga dos Campeões em 2014 pelo Real Madrid. Di María sempre foi discreto. Porém, decisivo. E craque. Um dos grandes – e mais caros – jogadores da atualidade, ele já era peça importante no Benfica logo depois da sua chegada.
Técnico, habilidoso e rápido, é capaz de decidir partidas com poucos toques. Além de tudo, é jogador de grupo e tem muito senso de equipe. Na Argentina, tem 15 gols em 70 partidas. É um dos grandes jogadores da atual geração do futebol argentino.
Diego Buonanotte – 18/04/1988 – Argentina – Atacante
Onde jogava: River Plate (Argentina)
Onde está: AEK (Grécia)
Era o novo: Aimar
O baixinho era o grande produto da tradicional categoria de base do River Plate. Dono de muitos recursos e incrível habilidade, acabava com as defesas argentinas. Porém, Buonanotte não teve a sorte de encontrar o clube no seu período pleno. Foram cinco anos de altos e baixos.
Mesmo assim, foi ídolo da torcida, com 25 gols em 105 jogos. Em 2009, um acidente quase lhe custou a vida. Na Europa, teve passagem discreta pelo Málaga. Atualmente, aos 27 anos, faz ótima temporada pelo AEK, da Grécia. Ainda com a velocidade característica, é uma ameaça constante para os adversários.
Franco Di Santo – 07/04/1989 – Argentina – Atacante
Onde jogava: Audax Italiano (Chile)
Onde está: Schalke 04 (Alemanha)
Era o novo: Maradona
O que um jogador alto e que tinha como força o jogo aéreo poderiam lembrar Maradona? Pois é, Di Santo ganhou esse rótulo de forma surpreendente pela imprensa inglesa. Apesar dos pesares, o argentino demonstrava, aos 18 anos, maturidade incrível. Era o craque do Audax Italiano que fez ótimas campanhas no Chile.
Dono de boa finalização, velocidade acima da média e ótimo cabeceio, Di Santo parecia ser o centroavante quase perfeito. Porém, o encanto dos ingleses cessou quando chegou ao Chelsea, em 2008, e não demonstrou futebol. Apesar das poucas chances, os ingleses facilitaram a venda para o Wigan, dois anos depois. E foi lá que reencontrou os gols. Atualmente, joga pelo Schalke 04 – seu segundo clube na Alemanha.
Macauley Chrisantus – 20/08/1990 – Nigéria – Atacante
Onde jogava: Abuja (Nigéria)
Onde está: AEK (Grécia)
Era o novo: Kanu
Artilheiro, campeão e segundo melhor jogador do Mundial Sub-17 de 2007, Chrisantus era a esperança da Nigéria para o futuro. E para centroavante. Dono de uma força incomum e ótimo chute, despertava a atenção de vários clubes europeus. Matador nato, era dele a função de colocar a bola na rede.
O Hamburgo investiu no jogador, logo depois do Mundial Sub-17. Se no clube não vingou, foi no também alemão Karlsruher que viveu bom momento na carreira. Na Espanha, pelo Las Palmas, o auge: 20 gols em 67 partidas. Hoje, forma dupla de ataque com Buonanotte no AEK. Apesar dos gols, não chegou a integrar a seleção nigeriana principal e ser o grande centroavante deste país.
Karim Benzema – 17/12/1987 – Atacante – França
Onde jogava: Lyon (França)
Onde está: Real Madrid (Espanha)
Era o novo: Ronaldo
Benzema e a eterna discussão entre ser ótimo jogador ou craque. Atleta de técnica muito elevada, possui qualidades incomuns a muitos atacantes. Em 2007, já vivia com o rótulo de grande jogador do Lyon. E era vencedor. A fama de grande 9 corria o mundo. A semelhança com Ronaldo impressionava.
Talvez o futebol nunca tenha chegado ao próximo do atacante brasileiro, mas Benzema teve lampejos. A transferência para o Real Madrid, das mais caras da história do futebol francês, foi impactante. Há quase sete anos no clube espanhol, são mais de 300 partidas, com mais de 150 gols marcados.
Kermit Erasmus – 08/07/1990 – Atacante – África do Sul
Onde jogava: Sundown United (África do Sul)
Onde está: Orlando Pirates (África do Sul)
Era o novo: Rooney
Talentoso e cheio de desejos, Erasmus queria defender a África do Sul na Copa do Mundo de 2010. Não conseguiu. Aliás, sequer disputou uma competição dessas. A qualidade com a bola no pé impressionava e fez com que o Feyenoord o contratasse.
Porém, o único sucesso alcançado na Europa foi pelo Excelsior. Ao voltar para seu país de origem, firmou-se como um dos grandes atacantes dos campeonatos locais. Hoje, é ídolo do tradicional Orlando Pirates. Ainda um pouco jovem, tem chances de fazer boa história em seu país.