Juan Carlos Osorio divide opiniões. Seu estilo de comandar equipes é único. Prioriza o estilo de ofensivo de jogo à vitória a qualquer custo, opta por um time rotativo, sem titulares e reservas pré-estabelecidos e busca conversar e desenvolver os atletas à meramente trata-los como subordinados.
Dessa forma, o treinador conseguiu escrever seu nome na história do clube colombiano. Ganhou títulos nacionais e chegou perto de conquistar a Copa Sul-Americana, perdendo para o River na decisão. Após três anos, porém, era inegável um certo desgaste natural no clube. O São Paulo apareceu na hora certa.
E quem, afinal, substituiria um técnico tão vitorioso? Alguém com um estilo parecido? Não foi o que pensaram os dirigentes do clube. Trouxeram Reinaldo Rueda, que estava desempregado desde sua participação na Copa de 2014, quando dirigiu o Equador.
Rueda faz um estilo completamente diferente de Osorio. É o típico “xerife”: mantem uma hierarquia clara entre seu elenco e a comissão técnica. Fosse ele, e não Osorio, a não ser cumprimentado por Ganso após substituição, haveria consequências disciplinares.
Com ele, há titulares e reservas. Claramente definidos. O “rodízio” de Osorio foi uma das primeiras coisas a serem banidas após sua chegada ao time de Medellín. Por fim, o estilo ofensivo também ficou para trás. Para Rueda, os fins justificam os meios. Uma vitória por 1 a 0 vale o mesmo número de pontos do que uma goleada por 5 a 0.
Engana-se, contudo, quem acredita que Rueda seja ultrapassado. Ou um mero motivador. O colombiano é um dos mais respeitados treinadores de seu país, apesar de jamais ter jogado futebol profissionalmente. Graduado em educação física, é um estudioso do mundo da bola.
Na parte tática, seguindo uma linha parecida com a de Tite no Corinthians, Rueda começa a montar seus times a partir da defesa. Prioriza um jogo coletivo seguro atrás, que corra poucos riscos e dê segurança para os jogadores da frente. Fez 1 a 0? Corra menos riscos ainda.
Foi assim que conseguiu classificar a modesta seleção de Honduras para a Copa de 2010, e o Equador para a de 2014. Para alguns, Rueda é retranqueiro; para outros, Rueda é pragmático. Depende da fase.
No caso, a fase é excelente. O Atlético Nacional terminou a fase de pontos corridos do Finalización do Campeonato Colombiano disparado na liderança, com 45 pontos em 20 jogos. Apesar da mudança brusca, os jogadores assimilaram sua filosofia de jogo. Diferente do que aconteceu com Doriva no São Paulo. Rueda, diga-se, não assumiu o time com o torneio em andamento.
O segundo colocado, Junior Barranquilla, terminou com 36. Tal qual o Corinthians de Tite, o Nacional de Rueda tem a melhor defesa e o melhor ataque. Foram apenas sete gols sofridos em 20 rodadas, marca mais expressiva do time na competição até aqui.
O ataque não é dos mais impressionantes, diferentemente do Corinthians-15, mas é competente. Foram 33 gols, que contribuíram para a campanha de 14 vitórias, três empates e três derrotas. Um impressionante saldo de 26 gols.
A campanha é tão boa que o colombiano já tem saída especulada para outras equipes. Em especial, o Peru. Com o início ruim de Gareca nas Eliminatórias de 2018, o nome do treinador aparece com força para substituí-lo em caso de demissão.
Mas a espetacular campanha do time de Rueda ainda pode cair no esquecimento. Na Colômbia, além da divisão entre Apertura e Finalización, há mata-mata entre os oito primeiros colocados para definir o campeão.
Nessas horas, o formato de pontos corridos se justifica. O Nacional enfrentará na próxima fase o Deportivo Cali, campeão do Apertura, que se classificou de última hora para as quartas. Não será fácil.
O Nacional de Medellín pode até mesmo ficar fora da Libertadores, caso o rival Independiente seja eliminado na mesma fase ou vá mais longe, já que a terceira vaga fica com a equipe que mais somou pontos no Apertura e no Finalización, incluindo nas fases finais. Atualmente, o Independiente possui um ponto a mais em relação ao time de Rueda. A mesma vaga ainda pode ser roubada pelo Santa Fé, caso vença a Sul-Americana.
Pelo que se vê atualmente, porém, o Atlético Nacional dificilmente deixará escapar o título. O elenco está nas mãos de Rueda e encontrou uma forma eficiente de jogar, embora não seja das mais encantadoras. Osorio? Definitivamente, é passado.