Iniciada neste ano como uma espécie de substituição aos amistosos e pré-qualificatório para a Euro, a Liga das Nações da UEFA está longe de ser um sucesso de crítica, pelo menos por enquanto. Mesmo se tratando de um torneio competitivo, a atmosfera amistosa da maioria dos jogos acaba contaminando até grandes clássicos do futebol mundial, como França x Alemanha, que em situações diferentes teria muito mais atenção.
Mas se para as as seleções gigantes o novo torneio não parece ter lá muita importância, o formato com quatro divisões acaba sendo interessante ao menos para alguns times menores, que estão aproveitando a oportunidade para conquistar suas primeiras glórias ou até mesmo para dar um passo rumo a um novo nível de competitividade.
É justamente da quarta divisão da Liga das Nações é que estão vindo as manchetes mais inspiradoras. Na última ronda da data FIFA, por exemplo, um dos destaques foi Gibraltar. O país da península ibérica não era sequer reconhecido pela UEFA até 2013, e ostentava um histórico patético em jogos de Eliminatórias.
Em 20 partidas somando as qualificatórias para a Euro 2016 e para a Copa de 2018, os gibraltinos haviam perdido todas e sofrido impressionantes 103 gols. Mas em um grupo com Armênia, Liechtenstein e Macedonia, eles tiveram mais chances de brilhar.
No sábado (13), conseguiram a sua primeira vitória em jogos oficiais ao derrotarem a Armênia fora de casa por 1×0. Na terça, novo triunfo (16), dessa vez sobre Liechtenstein, por 2×1. Gibraltar ocupa agora a segunda posição do grupo, e se coloca como firme candidato à promoção à Liga C (terceira divisão).
Outra novata que vem animada é a seleção de Kosovo. Depois de anos tentando ter sua independência ser reconhecida, os kosovares somaram apenas um ponto nas eliminatórias para a Copa de 2018. Mas na Liga das Nações o desempenho é bom: O time se mantém invicto nas quatro primeiras rodadas, liderando com oito pontos o grupo que ainda conta com Azerbaijão, Malta e Ilhas Faroe.
O terceiro grande “personagem” da quarta divisão está longe de ser um caçula como os outros citados até aqui. Inclusive já teve até um brilhareco no passado, como relatado aqui. Mas a seleção de Luxemburgo merece menção por estar tentando subir um degrau no futebol europeu, depois de décadas beirando a irrelevância.
Para se ter uma noção, nos 20 anos anteriores à Liga das Nações os luxemburgueses haviam vencido somente seis partidas em jogos oficiais, somando Eliminatórias para a Euro e para a Copa do Mundo. Já no novo torneio o pequeno país venceu três dos quatro primeiros jogos, e lidera o grupo que conta com Belarus, Moldávia e San Marino. No ano passado já haviam vencido a Hungria, seleção de médio porte, o que dá mostras que a reação pode realmente estar chegando.
É claro que todos esses resultados têm de ser colocados dentro de um contexto. O sistema em que se disputa a Liga das Nações pode ser enganoso para seleções menores, que agora têm mais espaço para jogos contra colegas do mesmo nível e talvez precisassem enfrentar os grandes para melhorar seu futebol. Mas pelo menos os amantes do esporte nesses países estão tendo motivos para sorrir, mesmo que seja uma ilusão.