Um “sir” em Acra: A aventura ganesa de Stanley Matthews

Um “sir” em Acra: A aventura ganesa de Stanley Matthews

Astro inglês que atuou por três décadas ajudou a popularizar o futebol em Gana

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Matthews durante uma das partidas de exibição (Foto: Stanley Matthews Foundation)
Matthews durante uma das partidas de exibição (Foto: Stanley Matthews Foundation)

O futebol atual conta com várias estrelas de alcance global, jogadores que graças à enorme exposição na mídia e às facilidades proporcionadas pelos meios de comunicação têm seus rostos conhecidos em praticamente todas as partes do mundo.

Na década de 1950, obviamente, não era bem assim. O esporte já tinha seus astros, mas o reconhecimento internacional dependia de excursões para locais mais remotos. E um dos primeiros grandes nomes do esporte a adotar essa estratégia foi Stanley Matthews.

Grande ídolo do Stoke City e do Blackpool, o jogador inglês teve uma carreira tão espetacular quanto peculiar. Atuou por nada menos que 33 anos, pendurando as chuteiras aos 50, em virtude de sua privilegiada preparação física.

Matthews entendeu o seu papel como ídolo futebolístico em meio ao ambiente trágico da Segunda Guerra Mundial. Já considerado um ídolo nacional britânico, comandou um selecionado de jogadores que realizavam jogos de exibição para entretenimento das Tropas Aliadas, ajudando a animar os soldados durante o conflito.

O ponta tomou gosto por este tipo de ação, e resolveu utilizar suas habilidades para fazer algo que pudesse construir algo melhor. E a oportunidade veio em uma nação que tentava formar sua identidade.

O ano era 1957. Gana havia acabado de conquistar sua independência do Reino Unido, e o país ainda vivia um clima de indefinição a respeito da interferência britânica em sua cultura. Seria preciso encontrar algo de interesse comum aos nativos, e a ferramenta acabou sendo o futebol.

Aproveitando suas férias da liga inglesa, Matthews, que a essa altura já tinha 42 anos, viajou até Acra para realizar uma série de partidas pelo time local Hearts of Oak. Os ganeses poderiam ver o melhor jogador europeu da temporada atuando em seu país.

A população encarou a visita de Matthews como um evento histórico. Jornais de Acra se animavam com a vinda do “Rei dos Pontas”, e o estádio local teve de improvisar arquibancadas de madeira para atender um público de 80 mil pessoas, que assistiram aos amistosos contra Kotoko, Sekondi Hasaacas e Kumasi Cornerstone.

Ao final da última partida, o inglês foi presenteado com uma espada de marfim e nomeado o “Senhor do Futebol” em Gana. Mas o intercâmbio não parou por aí. As partidas serviram para mostrar a diferença de estilos entre o futebol europeu e o africano, com os jogadores ganeses abusando do potencial físico e Matthews distribuindo passes praticamente sem sair do lugar.

Pouco depois da visita, foi criada a Associação Ganesa de Futebol, muito por conta da empolgação gerada pela visita do “sir”. E Matthews não parou por aí, passando a realizar excursões por países da África em todas as suas férias até a aposentadoria como jogador.

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Jornalista, 23 anos. Amante do futebol bonito e praticante do futebol feio