América-MG, Botafogo, Santos, Sport, Cruzeiro, Vitória e Atlético-PR terão de desafiar as estatísticas se quiserem conquistar o Campeonato Brasileiro em 2016. As sete equipes estrearam com derrota na competição, iniciada neste final de semana.
Isso porque, segundo levantamento do Alambrado, apenas em 11 das 45 edições do Campeonato Brasileiro o campeão foi derrotado na primeira rodada do torneio, de 1971 até 2015. O número cai para 10, se considerar o Sport como vencedor de 1987.
Na estatística geral, os derrotados costumam ser campeões em apenas 24% das vezes. Mas ainda há esperança. Ao contrário do que possa parecer, ser derrotado na primeira rodada era muito pior na era do mata-mata. Nesse período, o índice é de 21%.
De 2003 aos dias atuais, a chance subiu para 30%. Colabora para isso o fato de que havia menos rodadas a disputar antes da fase eliminatória nos tempos de mata-mata. Ademais, nas edições mais antigas do Brasileirão, as equipes eram dividas em vários grupos, o que fazia com que a fase de pontos corridos fosse ainda mais curta.
Com os pontos corridos, o número de rodadas mais que dobrou em relação às décadas de 70 ou 80. Mesmo assim, perder na primeira rodada não é um bom sinal. Afinal, isso não aconteceu com Cruzeiro (2003, 2013 e 2014), Corinthians (2005, 2011 e 2015), São Paulo (2006 e 2007) e Fluminense (2012).
Na época do mata-mata, apenas Vasco (2000 e 1997), Grêmio (1996), Corinthians (1990), Flamengo (1987), Guarani (1978) e Palmeiras (1972) começaram com derrota no Brasileiro e terminaram com o título.
Mas, como se trata de futebol, estatística é mera curiosidade. O Santos de 2004 é um bom exemplo. Foi derrotado por 3 a 2 pelo Paraná na estreia. Tinha ficado fora da final do Paulista e estava focado na disputa da Libertadores (cairia depois, nas quartas). Contudo, 46 rodadas depois, era uma equipe diferente.
O técnico já não era Emerson Leão, mas sim Vanderlei Luxemburgo. Algumas estrelas haviam deixado o clube, como Diego, que se transferiu para o Porto. E, apesar do tropeço na estreia, não era um Santos qualquer. Era a geração de Robinho, campeã em 2002 e vice em 2003.
O mesmo vale para o São Paulo de 2008. O time de Muricy Ramalho era o atual bicampeão brasileiro, e mesmo assim passou por uma crise que por pouco não provocou a demissão do técnico. No Paulistão, eliminação na semifinal para o Palmeiras.
Priorizando as quartas da Libertadores, contra o Fluminense, o Tricolor Paulista não mostrou concentração diante do Grêmio, perdendo no Morumbi por 1 a 0, na abertura do Brasileirão. Dias depois, caiu também no torneio continental. Mas Muricy ficou, o São Paulo se redimiu do mau início no nacional e o clube terminou com o hexacampeonato.
Curiosamente, em situação semelhante, Muricy foi demitido no ano seguinte. O São Paulo até reagiu nas últimas rodadas, mas teve de se contentar com o terceiro lugar. E o troféu de 2009 ficou com o mais improvável dos campeões dos pontos corridos: o Flamengo.
Irregular durante a maior parte do torneio, o clube carioca também estreou com derrota – 2 a 0 para o Cruzeiro. Cuca foi demitido no meio da competição, e a diretoria acabou efetivando Andrade. Na 32ª rodada, a equipe era apenas a sexta colocada. Assumiu a liderança pela primeira vez na penúltima, e manteve o posto na decisiva rodada final.
O ano de 2010 foi a última vez em que o campeão estreou com o pé esquerdo. O Fluminense comandado por Muricy Ramalho sequer havia chegado às finais da Taça Guanabara e da Taça Rio. Tinha acabado de ser eliminado na Copa do Brasil pelo Grêmio, dias antes da estreia no nacional.
Diante do Ceará, jogando fora, o Flu teve o zagueiro Cássio expulso e perdeu por 1 a 0, com gol de Geraldo. A inesperada derrota colocou pressão sobre Muricy e seus comandados. Aos poucos, porém, a equipe se recuperou, e passou a maior parte do torneio disputando os três primeiros lugares com Corinthians e Cruzeiro. Levou a melhor no final.