Renato Augusto e a redenção no Corinthians

Renato Augusto e a redenção no Corinthians

Meio-campista vive o melhor ano vestindo a camisa do Alvinegro do Parque São Jorge

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No Corinthians Renato Augusto dita o ritmo corintiano na partida (Foto: Rodrigo Grazzanel / Site Oficial)
No Corinthians, Renato Augusto dita o ritmo das partidas (Foto: Rodrigo Grazzanel / Site Oficial)

Jadson é o artilheiro do Timão no Campeonato Brasileiro com 11 gols, além de ser o líder de assistências (9) da competição. Mas seu parceiro de meio-campo é tão importante quanto ele: Renato Augusto. O jogador vive um de seus melhores anos na carreira e o melhor com a camisa do Corinthians, desde que chegou em 2013.

Muitos consideram Renato Augusto mais protagonista que Jadson, uma vez que, mesmo não dando tantas assistências ou fazendo muitos gols, o meia cadencia o jogo, inicia contra-ataques e chama a responsabilidade para si, como todo grande jogador deve fazer. Por isso, conseguiu uma nova convocação para a seleção brasileira.

Nascido no Rio de Janeiro, Renato foi revelado nas categorias de base do Flamengo e fez sua estreia no profissional justamente contra o Corinthians, em 2005. Mas foi somente em 2006 que ele começou a ganhar notoriedade, com belos dribles, bonitos gols de falta e seus chutes potentes de fora da área. Com 18 anos, era titular do Flamengo na Copa do Brasil daquele ano, e seria efetivado pelo então técnico Ney Franco, após belas apresentações.

No Flamengo, meio-campista despontou para o mundo da bola (Foto: Reprodução)
No Flamengo, meio-campista despontou para o mundo da bola (Foto: Reprodução)

Em 2007, com a camisa 10 – que já fora de Zico – o maestro seria importante nas conquistas da Taça Guanabara, contra o Madureira, e na grande decisão do Carioca, contra o Botafogo, onde marcaria um verdadeiro golaço que empataria a partida, levando-a aos pênaltis.

Cobranças de falta e chutes de fora da área eram as principais características dele no Flamengo (Foto: Reprodução)
Cobranças de falta e chutes de fora da área eram as principais características dele no Flamengo (Foto: Reprodução)

Depois da conquista do estadual, o jogador teria seu excelente rendimento paralisado por conta de diversas lesões, que o acompanhariam até os dias atuais. Uma das primeiras foi durante um clássico contra o Vasco, pelo Brasileirão 2007, uma lesão muscular. Depois, em 2008, logo na estreia do Campeonato Carioca, o jogador receberia uma cabeçada sem querer no rosto que o afastaria dos gramados por meses. Voltaria na reta final para ajudar em mais uma conquista da competição.

Seria contratado em julho do mesmo ano pelo Bayer Leverkusen, onde o jogador viraria ídolo e ganharia status de estrela internacional, além de sua primeira convocação para o elenco principal da seleção brasileira.

Na Alemanha jogou mais centralizado, atrás apenas do atacante. Em 2010, atrairia os olhares do Manchester City, mas a contratação acabaria não acontecendo. Um jogo marcante na carreira de Renato Augusto seria contra o FSV Mainz.

Após uma partida fraca tecnicamente, o meio-campista roubaria a bola do defensor e, na entrada da meia-lua, lançaria um verdadeiro foguete no ângulo, sem chances para o goleirão, dando a vitória para sua equipe.

Mas as questões físicas não o deixariam em paz e o perseguiriam ao longo de sua jornada no Bayer Leverkusen (2008 – 2012). Machucou os dois joelhos,teve  uma grave lesão muscular na coxa esquerda e dores musculares em ambas as pernas.

No Bayer, mudou de posição e passou a se tornar um maestro (Foto: Reprodução)
No Bayer, mudou de posição e passou a se tornar um maestro (Foto: Reprodução)

A temporada com mais jogos do atleta na Alemanha seria a de 2011, com 29 partidas. Ano este em que o meio-campista chegou à seleção para os amistosos contra França e Alemanha, partidas as quais ele pouco produziu.

Então, em dezembro de 2012, era anunciado que o jogador retornaria ao Brasil, mas não ao Flamengo, e sim jogaria pela primeira vez em sua carreira por um clube paulista, o Corinthians.

O primeiro ano no Timão não seria fácil. O jogador começaria muito bem o Paulistão, marcando gols e com boas apresentações, mas uma nova lesão muscular, desta vez diante do Guarani, o afastaria dos gramados por quase três meses, onde ele voltaria somente para a disputa da Recopa Sul-Americana, fazendo-o perder o Campeonato Paulista e a eliminação para o Boca na Libertadores.

Na decisão da Recopa diante do São Paulo, marcaria um golaço encobrindo Rogério Ceni que daria a vitória ao Timão por 2 a 1 no primeiro jogo. Porém, quando tudo parecia estar dando certo, Renato Augusto lesionar-se-ia contra o Bahia, pelo Brasileirão, e novamente o rosto.

Em oito meses de Corinthians, ele acumularia três lesões, a última seria fortes dores no joelho, que o afastariam por cinco semanas. O final daquele ano seria tão melancólico para Renato quanto para o Corinthians.

E o ano seguinte já começaria com o jogador ficando de fora da estreia do Campeonato Paulista por causa de dores nos joelhos, devido a uma inflamação. A fisioterapia do Corinthians iniciaria então um novo processo com o meia: treinos específicos e trabalho psicológico com o atleta. O resultado seria positivo, pois ele acabaria fazendo 44 jogos com a camisa do Corinthians em 2014, treze a mais que o ano anterior.

Mas então veio 2015, o ano da glória do jogador, o melhor momento de sua carreira nos últimos anos. O ano começaria com o Corinthians “voando”, tanto no Campeonato Paulista, quanto na Libertadores.

Invicto no Paulistão e com uma das melhores campanhas na competição continental, tudo dava certo para os comandados de Tite. Renato Augusto, Jadson, Elias, Guerrero, Emerson Sheik e demais titulares estavam jogando muito.

Mas aí veio a eliminação nos pênaltis para o Palmeiras nas semifinais do Paulistão, a perda da invencibilidade contra o São Paulo pelo último jogo da fase de grupos da Libertadores, e o Timão entraria em uma pequena crise. Seria eliminado para o modesto Guarani-PAR nas oitavas e teria o time desmanchado.

Guerrero, Emerson Sheik, Petros, entre outros jogadores iriam embora. Mais tarde, Fábio Santos. Mas o Corinthians iniciaria bem o Campeonato Brasileiro e craques como Jadson, Elias e Renato Augusto que, por pouco não saíram, ficariam para trazer o bom futebol de volta.

Bom momento vivido pelo jogador o fez retornar à seleção (Foto: Site Oficial Corinthians)
Bom momento vivido pelo jogador o fez retornar à seleção (Foto: Site Oficial Corinthians)

Renato Augusto e Jadson se completariam como arroz e feijão, e o meio-campo corintiano acabaria virando sensação no Brasil e exemplo para os demais clubes. O bom futebol estava de volta. Se não com muitos gols, mas taticamente.

Tudo fruto de movimentação, boa troca de passes e uma defesa extremamente sólida e praticamente impenetrável. Jadson marcava gols e dava passes, e Renato Augusto regeria seus companheiros, como um verdadeiro maestro ditando o ritmo de sua música.

Com o Timão líder, Renato Augusto receberia de Dunga uma nova chance na seleção na estreia do Brasil nas Eliminatórias para a Copa de 2018, que acontece na quinta-feira (8), diante do Chile, atual campeão da América.

Renato Augusto contabiliza ótimos números em 2015. São 45 jogos com o Timão, cinco gols e dez assistências. Sem lesões, o jogador tem chances de ser eleito como um dos melhores jogadores do Campeonato Brasileiro no fim do ano, o que seria nada mais justo para um atleta que jamais desistiu diante das adversidades e que, em meio a turbulência corintiana, ao lado de seus companheiros fez nascer um Corinthians praticamente imbatível e um dos favoritos ao título do Brasileirão.

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