Quando os Estados Unidos foram Davi

    Quando os Estados Unidos foram Davi

    "Duelo de Campeões" conta como os americanos venceram a Inglaterra na Copa de 1950

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    (Foto: Universal/Divulgação)
    (Foto: Universal/Divulgação)

    Esportes são uma fábrica de histórias de superação. O futebol, em particular, é especialista em mostrar casos reais de vitórias de nanicos sobre gigantes. São as famosas zebras, que tornam a prática mais democrática e ajudam a explicar porque o jogo é tão apaixonante, com todas as suas nuances e incoerências.

    Com certeza, uma das maiores surpresas da história do esporte ocorreu em Belo Horizonte. Se você pensou no 7×1 para a Alemanha, está errado (mas nem tanto). A zebra em questão ocorreu em 1950, na primeira Copa do Mundo realizada no país.

    Essa é a história contada no filme “Duelo de Campeões” (“The Game of Their Lives”, 2005). Os fatos reais da época já escrevem por si só um enredo do tipo que Hollywood mais gosta.

    A obra mostra a preparação da seleção dos Estados Unidos para o Mundial que seria realizado no Brasil, com uma reunião de jogadores amadores desconhecidos e que partiram para a disputa do torneio sem nenhuma pompa ou brilho, reflexo do desinteresse dos norte-americanos pelo esporte bretão.

    No estádio Independência, os EUA enfrentariam a poderosa Inglaterra, país dos inventores do futebol, que finalmente fazia sua estreia em Copas. Vale lembrar que os britânicos escolheram não disputar os Mundiais anteriores por se considerarem muito superiores aos outros participantes.

    A partida em questão pode ser definida com qualquer clichê futebolístico, à sua esolha. “Uma caixinha de surpresas”, “o jogo se define dentro de campo”, “futebol é onze contra onze”, e por aí vai. Com gol do haitiano Joe Gaetjens, os americanos venceram por 1×0, resultado que acabaria eliminando os ingleses.

    A história vale por si só, por mais que não seja única, tampouco original. Não deixa de ser um belo relato de um momento memorável, que poucos puderam testemunhar à época por conta das óbvias dificuldades e limitações dos meios de comunicação.

    O filme cai em alguns vícios que poderiam ser evitados, como o exagero em cenas dramáticas para tentar aumentar a empatia dos espectadores com os personagens, além de um teor maniqueísta no retrato dos jogadores ingleses, que são mostrados em boa parte da história como vilões.

    Mas alguns pontos merecem menções positivas, como a iniciativa de escolher um elenco de atores com relação mais próxima com o futebol. Um dos personagens principais é o goleiro Frank Borghi, interpretado por Gerard Butler (de “300”), ator escocês que praticou o esporte durante toda sua infância.

    Normalmente filmes americanos costumam mostrar o futebol de maneira caricata, com as cenas do jogo sendo realizadas de maneira pouco convincente. Para aproximar a ficção da realidade, um dos consultores da produção foi ex-jogador Eric Wynalda, titular dos EUA na Copa de 1994, que prestou uma espécie de “assistência técnica” aos envolvidos nas cenas em campo.

    “Duelo de Campeões” não é um grande filme, tem falhas evidentes, mas é um esforço louvável para mostrar uma história grandiosa, que não merece ser relegada ao quinto plano só por ter ocorrido com um país onde o futebol não é tão valorizado. Mesmo para quem não se interessa pelo esporte, é sempre bom ver o velho duelo Davi x Golias.

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    Jornalista, 23 anos. Amante do futebol bonito e praticante do futebol feio