Penta, Mazembe superou início difícil e hegemonia do norte

Penta, Mazembe superou início difícil e hegemonia do norte

Clube da República Democrática do Congo venceu no último domingo (8) a Liga dos Campeões da África

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Mazembe celebra o pentacampeonato continental
Mazembe superou os fantasmas recentes de eliminações em semifinais e levantou o cobiçado troféu após cinco anos (Foto: Divulgação)

O Mazembe conquistou no último domingo (8) seu quinto título da Liga dos Campeões da África, recuperando o trono que havia deixado há cinco anos e que fora ocupado desde então pelos clubes do norte do continente. Com as vitórias nas finais contra o USM Alger, da Argélia, o time da República Democrática do Congo virou o segundo maior ganhador do torneio, ao lado do Zamalek e atrás do octacampeão Al-Ahly, ambos do Egito.

A vitoriosa campanha da equipe comandada pelo técnico francês Patrice Carteron, no entanto, teve um início de jornada difícil. Os atuais donos do título da primeira divisão nacional tiveram dificuldades diante do Mamelodi Sundows, da África do Sul, e do Stade Malien, do Mali, seus adversários nas rodadas de qualificação para a fase de grupos.

Logo na estreia, derrota por 1 a 0 para os sul-africanos fora de casa, em Pretória, com um gol marcado no final do segundo tempo. Na partida de volta, sediada na capital Lubumbashi, os congoleses reagiram e ganharam por 3 a 1, com gols de Kalaba, Assalé e do atacante tanzaniano Mbwana Samatta, futuro artilheiro com sete tentos.

Na sequência, o desafio parecia se tornar mais simples no momento em que o time aplicou 2 a 0 no Stade Malien como visitante, em Bamako. Entretanto, dois gols de Ismael Koné em apenas dois minutos deixaram a definição da vaga em aberto. Com a força da torcida em Lubumbashi, o Mazembe saiu na frente, mas assistiu ao rival empatar na etapa final.

A igualdade, desta vez, durou pouco, pois Assalé deixou sua marca e evitou a disputa de pênaltis, assegurando o triunfo por 2 a 1. Mas o alívio também durou pouco. Ao receber o Al-Hilal, do Sudão, o Mazembe não saiu do zero. O mesmo aconteceu na rodada posterior, quando o time congolês visitou o Moghreb Tétouan-MAR.

A primeira vitória na fase de grupos veio diante do Smouha-EGI, em Alexandria, por 2 a 0, ao passo que o segundo triunfo ocorreu diante do mesmo ponente, em Lubumbashi, por 1 a 0. O forte Al-Hilal interrompeu a boa sequência do Mazembe ao derrotá-lo por 1 a 0. Mas a equipe não se abateu com o revés e goleou o Tétouan por 5 a 0, em um dia inspirado de Samatta, garantindo a liderança do grupo.

Desta maneira, o conjunto de Patrice Carteron enfrentaria na semifinal o Al-Merrikh, do Sudão, que havia ficado na segunda posição do grupo B. Já o Al-Hilal, por sua vez, teria a missão de encarar o USM Alger, dono de cinco vitórias em seis jogos. O clube argelino avançou à decisão com um placar agregado de 2 a 1, após empatar a volta sem gols.

Na semifinal, o Mazembe teve de superar o fantasma das quedas em 2012 e 2014. O espectro da eliminação, todavia, ainda parecia rondar os vestiários da equipe. Essa impressão ficou mais nítida depois da derrota por 2 a 1 fora de casa, em Omdurman, com o gol de desempate tendo sido marcado a nove minutos do apito final.

O objetivo de parar o eficiente ataque sudanês funcionou na primeira etapa, embora a meta do rival não tenha sido vazada. O horizonte só foi iluminado após o intervalo graças ao tento de Samatta e e acabou impulsionado devido a um gol contra. Abalado, o Al-Merrikh sofreu o terceiro tento logo em seguida e não teve forças para se reabilitar.

A decisão cumpriu às expectativas e colocou frente a frente os melhores times da competição, ambos comandados por franceses. Do lado argelino estava Miloud Hamdi, de 44 anos, que havia sido contratado como assistente e assumiu o cargo principal em outubro.  Do outro, Carteron, que está no futebol africano desde 2012.

O primeiro embate, na capital Argel, em 31 de outubro, foi movimentado e teve duas expulsões, uma na conta de cada time. Mesmo tendo mostrado deficiências na condição de visitante, o Mazembe conseguiu abrir 2 a 0, no Stade Omar Hamadi. A poucos minutos do fim, o atacante Mohamed Seguer descontou para manter o sonho do título aceso.

Oito dias depois, o reencontro teve momentos de tensão. Enquanto os locais procuravam se defender para não alimentar a esperança do Alger, os visitantes, cautelosos, temiam sofrer um gol que praticamente definiria o novo campeão. O clima pesado aumentou quando o juiz assinalou um pênalti para o Mazembe na etapa final.

Então, Samatta assumiu a responsabilidade da cobrança e converteu, fato que o deixou no topo da lista de artilheiros ao lado de Bakri Al-Madina, do Al-Merrikh, com sete tentos. O Alger pouco pôde fazer depois do gol. Para completar a festa, enfim, Assalé ampliou já nos acréscimos e assumiu a vice-artilharia. Resultado: 4 a 1 no placar agregado.

Com o fim do breve jejum, o Mazembe também voltará a representar a África no Mundial de Clubes da FIFA, que será disputado entre 10 e 20 de dezembro, no Japão. Nas quartas de final, a equipe enfrentará o vencedor de Auckland City-NZL e o campeão japonês, que ainda não está definido. Na fase seguinte, o desafio é contra o River Plate-ARG.

Nas passadas 11 edições do torneio, somente dois time do continente africano superaram a concorrência dos sul-americanos na semifinal. O primeiro foi o próprio Mazembe, que desbancou o Internacional de Porto alegre em 2010. O segundo foi o marroquino Raja Casablanca, responsável por tirar o Atlético-MG. Mas ambos perderam a briga pelo título.

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Jornalista formado pela Faculdade Cásper Líbero, é apreciador do futebol latino, do teor político-social do esporte bretão e também de seu lado histórico.