O tráfico de drogas mudou a história do futebol na Colômbia. Foi ele quem reergueu o esporte no país que sofria com problemas sociais e a guerra civil promovida pelas FARC. Em meio a tantos problemas, os cartéis surgiram tomando conta do pedaço, comprando clubes quase de graça e usando como esquemas de lavagem de dinheiro.
Um nome surgia em meio aos cartéis, o de Pablo Escobar, senhor das drogas colombiano, e que tomava conta de dois dos maiores clubes do país: Independiente de Medellin e Atlético Nacional de Medellin.
Mas antes de começar a investir nestes dois clubes, o traficante viu na política uma maneira de “afastar” seu lado sombrio, para que as autoridades não desconfiassem, e ganhar a confiança das classes mais baixas da Colômbia.
Construiu diversos campinhos, de onde saíram grandes craques, e chegou a ser considerado uma espécie “Robin Hood”.
Desta maneira, Escobar, que era apaixonado por futebol, começou a apostar nos dois grandes clubes de Medellin, da mesma forma que os irmãos Orejuela, do Cartel de Cali, fizeram com o América de Cali tornando-o uma potência que chegou a três decisões seguidas da Libertadores, mas sem sucesso. Por outro lado, de 1982 a 1986, o América conquistou por cinco vezes consecutivas o Campeonato Colombiano.
Mas o ápice do sucesso com o investimento do cartel de Pablo Escobar aconteceu em 1989, quando o Atlético Nacional conquistaria a Libertadores. Para tal feito, o narcotraficante trouxe um jovem e talentoso treinador, Francisco Maturana, que apostava num futebol de muita movimentação e rapidez de seus jogadores. Assim, em 1988 o Atlético conquistava o campeonato colombiano e, no ano seguinte, vencia uma competição inédita para a Colômbia, nos pênaltis, diante do tradicional Olimpia-PAR.
Empolgado com o sucesso de seu investimento, Pablo Escobar financiou a preparação da seleção colombiana para a Copa do Mundo de 1990 e obrigou a contratação de Maturana como treinador desta.
No Mundial de 90, a Colômbia chegou até as oitavas, mas foi derrotado por Camarões. Entretanto, nas Eliminatórias para a Copa do Mundo de 1994, nos Estados Unidos, a Colômbia passeou. Um destes “passeios” aconteceu contra a Argentina, quando o time comandado por Higuita, Valderrama, Rincón e Cia, venceu os hermanos por 5 a 0.
Mas o que Escobar e outros líderes dos cartéis não sabiam é que seu império estaria chegando ao fim. Em 1993, após emboscada da polícia colombiana, Pablo Escobar seria morto, e o Cartel de Medellín dissociado.
Os traficantes remanescentes apostariam suas fichas na seleção em 94, e se decepcionariam. Os Cafeteros seriam eliminados logo na fase de grupos, om a culpa caindo sobre os ombros de Andrés Escobar, zagueiro capitão da Colômbia e ídolo do Atlético Nacional.
Conhecido como “Cavalheiro do Futebol”, Escobar marcou um gol contra diante dos Estados Unidos que decretaria a eliminação e, um mês depois, já na Colômbia, seria assassinado por causa desta falha. Isso foi a gota d’água para uma intervenção da Fifa junto às autoridades para limar de vez qualquer pessoa ligada ao tráfico de drogas no futebol.
Hoje a Federação Colombiana trabalha para limpar a imagem deixada pelos cartéis. Eles perderam força, pois quem comanda o tráfico agora são as FARC, que não demonstram se importar muito com o futebol.
O Atlético Nacional é um dos principais clubes da Colômbia no momento. Já chegou na decisão da Sul-Americana em 2014 e vem marcando presença na Libertadores. Outra equipe que vem chamando a atenção é o Independiente de Santa Fé.
Os cartéis mataram jornalistas, policiais, árbitros e dirigentes ao longo do tempo em que mandaram no futebol. Tentaram subornar juízes, dentre outras atividades. Práticas que diminuíram depois da morte de Pablo Escobar.
Agora a Colômbia mostra estar se organizando, estruturando, aos poucos. Tem uma seleção forte, com Falcao, Cuadrado e James Rodríguez como destaques. Estes craques sem a sombra do tráfico, como vivem Higuita e Valderrama…
Se você quiser saber mais da história de Pablo Escobar, e sua relação com o futebol, o Netflix está exibindo a série Narcos, que conta a história do narcotraficante, representado pelo ator Wagner Moura.
