O maior artilheiro de uma única Copa

O maior artilheiro de uma única Copa

Nascido em Marrakech quando o Marrocos era colônia francesa, Just Fontaine brilhou no Mundial de 1958

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Fontaine foi o artilheiro do Mundial de 1958
Carregado por companheiros, atacante foi o principal nome da França na Copa de 1958, na campanha do 3º lugar (Foto: Reprodução/FFF)

Quando o cronômetro apontava 22 minutos e 8 segundos daquele fatídico 8 de julho de 2014, no Estádio do Mineirão, Miroslav Klose aproveitou rebote e vazou a meta de Júlio César, isolando-se na artilharia histórica das Copas do Mundo.

Até aquele momento, o alemão de origem polonesa havia marcado 15 tentos e dividia o posto de maior goleador com Ronaldo, que acompanhava o jogo em Belo Horizonte das cabines televisivas. E o Brasil ainda não sabia o que estava por vir.

Mas é interessante lembrar que o atacante da Lazio protagonizou a façanha após quatro participações no torneio, indo a campo em 24 oportunidades, uma a menos que o recordista Lothar Matthäus, campeão mundial em 1990 com a Alemanha.

Portanto, a marca estabelecida pelo francês Just Fontaine em 1958, na Suécia, permanece intacta. Então jogador do Stade de Reims, ele converteu nada menos que 13 gols em seis jogos, tornando-se recordista em uma mesma edição da Copa.

Curiosamente, Fontaine disputou apenas um Mundial em sua curta carreira. Nascido em Marrakech, quando o Marrocos ainda era colônia francesa, o atacante deu seus primeiros passos como profissional em 1950, no Casablanca, time da região.

Três anos depois, já negociado com o Nice, ele estreou na seleção francesa marcando três vezes na goleada por 8 a 0 sobre Luxemburgo, em Paris, pela última rodada das eliminatórias para a Copa de 1954, que seria realizada na Suíça.

Apesar do ótimo desempenho, o jogador não foi convocado para a competição. O oposto ocorreu no Mundial seguinte, quando ele não disputou a fase classificatória e, beneficiado com a lesão de Thadée Cisowski, representou os “Le Bleus”.

Sob o comando do técnico Paul Nicolas, aos 24 anos, Fontaine voltou a marcar três gols, desta vez no triunfo por 7 a 3 sobre o Paraguai, em Norrköping. Em seguida, anotou outros dois na derrota por 3 a 2 para a Iugoslávia, em Västerås.

Na última rodada da primeira fase, em Örebro, balançou a rede no triunfo por 2 a 1 contra a Escócia, resultado que garantiu à França a liderança do grupo. Nas oitavas de final, o desafio seria enfrentar a Irlanda do Norte.

Em Norrköping, outra vitória tranquila. O atacante anotou dois tentos na goleada por 4 a 0. A boa fase continuou na semifinal e ele vazou a meta do Brasil em Solna, mas a seleção canarinho levou a melhor e se classificou ao vencer por 5 a 2.

Na disputa pelo terceiro lugar, em Gothenburg, o rival seria a Alemanha Ocidental, derrotada pela Suécia por 3 a 1. Impiedoso, Fontaine teve um dia de gala e fez quatro dos seis gols franceses, enquanto os atuais campeões anotaram três.

Aquele bronze, contudo, seria o último prêmio do jogador na seleção. Em dezembro de 1960, ele chegou a enfrentar a Bulgária pelas eliminatórias da Copa de 1962. Então, as lesões que o acompanhavam acabaram por abreviar sua carreira.

No fim, a França perderia a vaga justamente para os búlgaros, após um jogo de desempate. E Fontaine penduraria suas chuteiras em julho de 1962, pelo Stade de Reims, com 28 anos, 11 meses e 30 gols em 21 jogos pela seleção.

Em virtude de seu grande talento e faro goleador, ganhou várias distinções, sendo considerado como um dos melhores jogadores da Copa de 1958 e da história de seu país. Abandonou os campos celebrando o título do Campeonato Francês.

Depois, comandou a França em dois amistosos, em 1967, e o Marrocos, entre 1979 e 1981, quase classificando a seleção para a Copa do Mundo de 1982. Hoje, aos 82 anos, Fontaine, ou Justo, como é apelidado, não se aventura mais à beira do gramado.

Apesar de ter se distanciado do mundo do futebol, o francês ainda pode se orgulhar de seus feitos, principalmente porque estes dificilmente serão batidos. Até lá, ele continuará ostentando o título de maior artilheiro de uma única Copa do Mundo.

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Jornalista formado pela Faculdade Cásper Líbero, é apreciador do futebol latino, do teor político-social do esporte bretão e também de seu lado histórico.