Como um desastre aéreo deu início à bela amizade entre Alianza Lima...

Como um desastre aéreo deu início à bela amizade entre Alianza Lima e Colo Colo

Clubes do Peru e do Chile se uniram em um momento trágico

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As torcidas de Alianza Lima e Colo Colo confraternizam até mesmo dentro do estádio (Foto: Reprodução)
As torcidas de Alianza Lima e Colo Colo confraternizam até mesmo dentro do estádio (Foto: Reprodução)

O Alambrado já mostrou pra você alguns casos de clubes com rivalidades que ultrapassam as fronteiras dos territórios de seus países. E, de fato, existem vários exemplos de tensões que desconhecem as barreiras geográficas. Mas o companheirismo entre duas agremiações também pode possuir esse mesmo poder.

Na América do Sul, existe um exemplo emblemático. Alianza Lima e Colo Colo, gigantes em suas respectivas nações, teoricamente não teriam nenhuma razão para se darem bem. Aliás, pelo contrário: A forte rivalidade entre os países andinos poderia ser levada para dentro do campo.

Mas uma tragédia que abalou o mundo do futebol em 1987 acabou mudando para sempre (e para melhor) a relação dos dois. Naquele ano, o Alianza liderava com folga o Torneo Descentralizado, torneio nacional do Peru.

Na 18ª rodada, o time da capital foi até Pucallpa, no planalto amazônico, onde derrotou o Deportivo por 1×0. A equipe viajaria de volta para Lima juntamente com a comissão técnica, dirigentes árbitros e até mesmo um grupo de torcedores em um avião Fokker F-27, que teve um problema quando sobrevoava o mar.

A nave se chocou contra o Oceano, e apenas o piloto sobreviveu. O Peru ficou em estado de choque com a tragédia, assim como toda a comunidade futebolística, que prestou homenagens ao clube. Bobby Charlton, sobrevivente de um desastre parecido que matou boa parte do time do Manchester United em 1958, enviou suas condolências a familiares das vítimas.

Mas o maior ato de solidariedade veio do Chile. Peter Dragicevic, então presidente do Colo Colo, se sentiu especialmente comovido pela situação do Alianza, que era presidido por seu amigo Agustín Marino Tapia. Decidiu, então, estender uma amizade pessoal para um nível institucional.

Verificando a dificuldade que o time peruano teria para retomar a disputa do campeonato local (que por conta da tragédia foi suspenso até 1988), o Colo Colo emprestou quatro atletas para o Alianza: O goleiro Letelier, o zagueiro Quiroz, o volante Huerta e o atacante Pinto.

Os reforços foram mesclados com alguns jogadores da base do Alianza e atletas do time B, e deram conta do recado, garantindo o título do Torneo Descentralizado. Na final geral, contra o Universitario, “Los Íntimos” foram derrotados por 1×0, mas a torcida reconheceu o esforço dos remanescentes.

O reconhecimento pelo ato do Colo Colo permanece até hoje, com um laço muito forte de amizade entre as “hinchadas” dos dois times. Algo que nem as disputas políticas entre Chile e Peru puderam superar. Dizem que nos momentos ruins é que é possível reconhecer os verdadeiros amigos, e Alianza Lima e Colo Colo são prova viva disso.

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