Já se passou há quase uma semana a decisão da Copa São Paulo, vencida pelo Flamengo sobre o Corinthians após estar perdendo por 2 a 0, empatar no tempo normal, e vencer nos pênaltis. Mas o que chamou a atenção naquela final foi a atuação de Matheus Pereira, ou melhor, a cavadinha nas penalidades. Cavadinha esta que não entrou, passando por cima do gol defendido pelo jovem Thiago, do Mengão.
No tempo normal, Matheus Pereira havia marcado um verdadeiro golaço para abrir a vantagem para o Timão. Mas o Corinthians esqueceria o futebol no vestiário e acabaria cedendo o empate ao adversário carioca. Desta maneira, o campeão da Copa São Paulo sairia das penalidades entre Corinthians e Flamengo.
Matheus Pereira cobraria a quarta penalidade. O Timão vencia por 3 a 2 após o goleiro Filipe defender a terceira cobrança. Não havia como desconfiar do camisa 10, o melhor jogador do time. Era gol na certa. Mas ele ousou. Arriscou. E pagou muito, muito caro por isso. O corintiano arriscaria uma cavadinha, a La El Loco Abreu, a La Djalminha. Mas ele não é Loco Abreu, muito menos Djalminha. E errou. Isolou a cavadinha. Que vacilo.
Mesmo consolado pelos companheiros, quase todos criticaram a atitude de Matheus Pereira, que voltava cabisbaixo, desolado, para o centro do gramado. O Flamengo se recuperaria, o Corinthians só erraria as cobranças a partir dali, e o Flamengo sagrar-se-ia tricampeão da Copa São Paulo.
Tudo que havia construído ao longo do tempo normal da decisão, Matheus Pereira pôs a perder com aquela cobrança. No vestiário, alguns companheiros de equipe criticaram o craque corintiano, que chorava no vestiário, conforme relatado pela imprensa que entrevistava Osmar Loss após a derrota.
Mas é aquilo. Matheus Pereira é diferenciado. É craque. Quando se é diferente, você arrisca. Não importa a situação. Desta vez deu errado, mas tem que continuar. Nem sempre as coisas darão certo na vida de uma pessoa, seja jogador, médico, o que for.
Quem estava no Pacaembu no dia 25 de janeiro lamentou, xingou, botou a culpa no garoto. Sim, um garoto de 17 anos. Que tão novo assim, tem personalidade, genialidade. Óbvio que não vou compará-lo com craques como Zidane, por exemplo, mas Matheus Pereira é um atleta promissor. Um pequeno exemplo é o que ele fez contra o Cruzeiro, na semifinal da Copinha. Ele deu um passe magistral de calcanhar para Leo Jabá dar início à jogada do gol da virada.
Muitos viram a cobrança como displicente. Mas é aquele famoso “e se”. E se ele tivesse convertido? Iriam exaltá-lo, falar que ele é craque, pedir que fosse integrado ao elenco principal do Corinthians. Mas não. Ele desperdiçou a cobrança. Mesmo assim, Tite o chamou para o profissional.
No profissional, e com o treinador gaúcho, ele será aconselhado, acompanhado, e irá amadurecer. Pois é isto que falta para um craque de 17 anos, amadurecer. Aprender com os erros. Evoluir. Mas não perder a vontade de arriscar. Zidane, Djalminha, El Loco, arriscaram e conseguiram. Loco Abreu arriscou numa Copa do Mundo. Quem é diferente, tem que arriscar. Matheus Pereira tem que saber quem ele é. Ele não é ninguém, ainda. Mas pode ser dentro de alguns anos.
Potencial, habilidade, genialidade, personalidade, ele tem. Personalidade é o essencial para alguém ser diferente. Não ter medo de arriscar, não temer a opinião alheia. Aprender com os erros e evoluir. Só assim alcança o sucesso, a glória. Humildade e maturidade.