Já é tradição: anos ímpares começam logo com um torneio de peso para quem acompanha futebol de base. E também é tradicional o Guia do Alambrado sobre o Sul-Americano Sub-20, que começa nesta quinta-feira (17), no Chile. Preparamos um especial de duas partes com todos os possíveis destaques de cada um das 10 seleções.
Na abertura do nosso guia, confira abaixo o que se pode esperar dos cinco times que formam o grupo A em busca das vagas disponíveis para o Mundial Sub-20 (quatro)e das vagas diretas para as Olimpíadas (duas, com direito a mais uma para a repescagem).
Brasil
A Seleção Brasileira entra em campo no Chile para acabar com um incômodo jejum de títulos. Desde 2011, o escrete canarinho, maior campeão, não leva a taça. Pior ainda: em duas edições, a última em 2017, não se classificou para o Mundial.
Neste ano, uma geração forte de jogadores nascidos em 1999 e 2000 anima a torcida. Porém, alguns dos expoentes não conseguiram liberação para jogar o torneio, casos, por exemplo, de Vinícius Júnior, destaque do Real Madrid, e Paulinho, do Bayer Leverkusen.
Surge como grande destaque e esperança para a seleção o atacante Rodrygo. Apontado como um dos grandes jogadores surgidos no país desde Neymar, o santista foi vendido para o Real Madrid por 45 milhões de euros. Dono de muita técnica, facilidade no drible e boa finalização, é a grande estrela da competição. Melhor pelo lado esquerdo, pode cair pela direita e pelo meio. Será dele a grande responsabilidade no setor ofensivo.
Na defesa, há a presença de bons nomes, como o de Vitão, do Palmeiras, que será o líder e capitão. Muito rápido e técnico, é o zagueiro mais promissor do clube alviverde nos últimos anos. Ao seu lado, opções não faltam: Thuler, do Flamengo, Walce, do São Paulo, e Lucas Ribeiro, do Vitória, por exemplo, são boas alternativas.
No gol, nome também não falta. O titular deve ser Brazão, do Cruzeiro, melhor goleiro da forte geração /00. Mas Hugo, do Flamengo, e Meggiolaro, do Grêmio, possuem potencial elevado. No meio-campo, Luan e Gabriel Menino devem formar uma boa dupla de volantes. No setor de criação, talvez a grande dúvida, Igor, do São Paulo, e Ramires, do Bahia, lutam por uma vaga.
Para a camisa 9, o excelente Lincoln, do Flamengo, e Papagaio, que vive boa fase no Palmeiras, brigam pela posição. A expectativa é a melhor possível.
Escalação provável: Brazão, Emerson, Vitão, Walce e Carlos; Luan, Marcos Antonio e Gabriel Menino; Rodrygo, Lincoln e Marquinhos Cipriano
Técnico: Carlos Amadeu
Estreia: Colômbia, sábado, 18h10
Chile
Em casa, o Chile busca fazer da pressão como mandante um grande trunfo. No Mundial Sub-17 e também no Sul-Americano Sub-17, realizados no país recentemente, o saldo foi positivo. Atual vice-campeão da categoria, a geração /00 traz alguns bons destaques ao torneio, como o goleiro Julio Bórquez e os atacantes Antonio Diaz e Iván Morales.
No entanto, o elenco é formado, em sua maioria, por jogadores da geração /99. Alguns nomes experientes e já com bom histórico devem liderar a seleção na busca pela classificação ao Mundial, meta chilena na competição.
Para isso, David Salazar, do O’Higgins, e Marcelo Allende, do Necaxa, surgem como possíveis protagonistas. Comparado a grandes ídolos do país, Salazar une boa finalização e velocidade, características presentes nos melhores jogadores chilenos nos últimos anos.
Já Allende é o jogador que dá ritmo. Possivelmente maior talento do elenco, surgiu como um jogador de imenso repertório no Mundial Sub-17 de 2015. Driblador, dono de bom passe e capaz de organizar a equipe, foi para o futebol mexicano e vem começando a mostrar que pode ser o que a torcida esperava há alguns anos: um craque mundial.
Ariel Uribe, que também atua no futebol mexicano, defendendo o Morelia, é outro atleta dono de bom domínio do meio-campo. Ele gosta de ter a bola e pausar o jogo e será importante para tentar impor o ritmo de seu time contra equipes mais fechadas.
Bolívia
A Bolívia geralmente entra no Sul-Americano para não fazer feio. A última vez que o time passou de fase foi em 1983, jogando em casa. A quarta colocação, que foi a melhor do país na história, parece distante hoje em dia. Mas há um talento especial para tentar mudar a rotina de decepções: o de Sebastián Melgar.
Com apenas 17 anos, Melgar atua no Boca Juniors e se destacou no último Sul-Americano Sub-17, mesmo dois anos abaixo da idade limite. O atacante é um dos toques de talento em um time que depende de uma defesa forte para poder se beneficiar dos contra-ataques. Joel Fernandez, companheiro de Boca Juniors, é destaque na defesa.
Outro que já atuou fora do país e virou esperança de boa campanha é Jhon Garcia, de 18 anos. Meio-campista do Oriente Petrolero, mas pertencente ao Huachipato, dá boa dinâmica, inteligência, habilidade e organização na saída de bola ao meio boliviano. Experiente, estreou pela seleção principal no ano passado.
Com sobrenome famoso no país, Ramiro Vaca é o cérebro. Camisa 10 clássico, é capaz de dar assistências geniais aos companheiros. Mas, sem regularidade, costuma se ausentar em alguns jogos. Tem boa experiência interna e é outro que já estreou pela seleção principal.
Para fechar o quarteto de grande repertório, Franz Gonzales é o jogador com mais partidas no Boliviano atuando pelo Sport Boys. Já são mais de 30, que devem ajudar o meio-campista a dar mais experiência à seleção que busca fazer uma campanha melhor que as feitas nos últimos anos. É possível, mesmo em uma chave tão difícil.
Colômbia
Sempre uma das favoritas ao título e dona de excelentes campanhas recentes, a Colômbia, ao menos no papel, parece um pouco abaixo dos últimos elencos. Mas nada que desanime a torcida, já que o estilo vistoso e alguns atletas experientes foram ao Chile em busca do quarto título.
Carlos Cuesta, zagueiro do Atlético Nacional, talvez seja o grande nome da geração. Indo para seu segundo Sul-Americano, já soma quase 50 partidas pelo profissional. Defensor técnico, rápido e de boa leitura, também tem na liderança bom ponto positivo.
Andrés Balanta, zagueiro e volante, é outro nome forte do sistema defensivo colombiano. Aos 18 anos, ele já atuou na Sul-Americana pelo Deportivo Cali. Costuma cobrir bem a defesa quando atua como volante.
No setor ofensivo, o atacante Iván Angulo, que se transferiu para o Palmeiras recentemente, e o meia Jaime Alvarado, do Watford, são possíveis grandes destaques. O primeiro foi bem em amistosos contra a seleção canarinho, no fim de 2018. Atuando pelos lados, tem muita velocidade e consegue passar pelos adversários com naturalidade. Cria muito pelo setor. Já Alvarado atua como volante, tem bom passe e joga na Europa.
Sem três grandes destaques do setor ofensivo por falta de liberação de seus clubes – Hernández, Salcedo e Sinisterra -, o candidato a protagonista é Johan Carbonero, do Once Caldas. Podendo atuar pelas duas pontas, tem estilo similar ao de Angulo, mas gosta de finalizar mais.
Venezuela
Após a melhor geração do país ser vice-campeã mundial sub-20, em 2017, as expectativas pela seleção mudaram. E motivos para seguir otimista não faltam. Com mais uma boa geração, a Venezuela que repetir os grandes resultados da última edição.
Para isso, os nomes de destaque do Sul-Americano Sub-17, e que também estiveram no vice mundial sub-20 – apesar da idade -, continuam. Jan Carlos Hurtado, atacante do Gimnasia Y Esgrima, e Cristian Makoun, volante da Juventus, são os líderes da equipe. Hurtado é uma espécie de tanque veloz. Capaz de atuar bem dentro da área e cair pelas pontas, está cada vez mais completo no setor ofensivo. Tem perfil de futebol europeu.
Makoun, que já está lá, tem características muito boas para um volante. Além do bom poder defensivo e excelente porte físico, tem velocidade e pode chegar à área adversária com facilidade. Tem potencial gigantesco, em resumo.
Apesar de a dupla estar em grande evidência, outros atletas aparecem com destaque. Samuel Sosa, que esteve no Mundial Sub-17 de 2017, é atacante pelo lado esquerdo. Além da velocidade, finaliza bem. Atua pelo Talleres.
Bryan Palmezano, baixinho que atua pelos lados, lembra Soteldo, que agora está no Santos. Assim como este, foi para o futebol do Chile se desenvolver. Com muitos jogadores atuando fora e vários com experiência profissional, mais uma grande campanha da Venezuela não será surpresa. Ao menos para quem vem acompanhando.