“Campeão Moral”. Um título que não rende troféu, nem volta olímpica, tampouco pôsteres com a foto posada do time nas bancas de jornal no dia seguinte. No entanto, nas últimas temporadas tem sido um dos poucos consolos que resta a qualquer time do Campeonato Alemão que não seja o Bayern. Enquanto o time da Baviera passa como um rolo compressor impiedoso e quebra um recorde atrás do outro, os times “normais” da Alemanha lutam pra ver quem é o melhor entre eles. Nos 2 últimos campeonatos o posto ficou com o Borussia Dortmund, mas a surpreendente má fase do time na atual temporada abriu espaço para a ascensão de um candidato inesperado: o Wolfsburg.
Campeão alemão em 2009-10 com um time liderado por Dzeko e Grafite, o clube parceiro da Volkswagen chegou a brigar para não cair nos últimos anos, mas conseguiu se reerguer e atualmente ocupa a vice-liderança da Bundesliga, onde fica em uma espécie de limbo: com oito pontos atrás do Bayern e outros oito de vantagem para o Borussia Monchengladbach, o time tem tudo para se manter no mesmo lugar até o fim da competição . Sem nenhuma grande estrela do futebol mundial, os Lobos fazem uma campanha muito acima das expectativas.
O treinador Dieter Hecking, que passou sem muito destaque por Nurnberg e Hannover, armou uma equipe ao melhor estilo “jogue e deixe jogar”. Com o segundo melhor ataque do campeonato (46 gols), as partidas do Wolfsburg têm média de 3,29 gol por jogo, sendo que em 14 dos 21 jogos até agora ambos os times envolvidos marcaram gols. Além disso, a campanha do clube tem sido marcada por vitórias épicas, como o 4×1 aplicado sobre o até então imbatível Bayern e o 5×4 da última semana contra o Bayer Leverkusen.
O segredo para o alto número de gols marcados pelo time alviverde pode ser explicado pela grande fase de dois nomes do setor ofensivo. Um deles é o centroavante holandês Bas Dost, contratado em 2012 após uma temporada excelente pelo Heerenveen, que finalmente conseguiu uma sequência de jogos após lesão e já anotou 9 gols nos 10 jogos que disputou nessa temporada. Dost chegou a amargar o banco de reservas para o dinamarquês Bendtner, mas já mostrou a que veio nos últimos jogos e tem se mostrado imprescindível no ataque.
O outro destaque é o meia Kevin De Bruyne, representante da tão comentada “ótima geração da Bélgica” que após ser contratado junto ao Chelsea um ano atrás se tornou rapidamente o cérebro do time. Líder isolado de assistências da liga alemã (12), o belga tem ainda 8 gols marcados e controla todas as ações de ataque.
O Wolfsburg tem mostrado um futebol atraente também por conta do apoio de outros jogadores na frente. Os laterais Rodriguez e Vieirinha vão ao ataque com frequência, muitas vezes tabelando com os meias Caligiuri e Perisic (ou Schurrle, que chegou na janela de inverno). Essas pontadas acabam sobrecarregando os defensores, em especial os brasileiros Naldo e Luiz Gustavo, que sofrem com os contra-ataques que o time cede. A marcação avançada também tem exigido bastante do goleiro Benaglio, apontado como um dos melhores do campeonato na posição.
Situado em uma cidade com 120 mil habitantes e com um estádio que comporta 25% dela (o terceiro menor da Bundesliga), o Wolfsburg está longe de ser um gigante alemão, mas faz um trabalho extremamente competente com o material que tem à disposição. O suficiente para fazer seus torcedores saberem que o título de campeão moral não vale muito, mas que pode estar de ótimo tamanho no final da temporada.