O futebol gaúcho é historicamente dominado por Grêmio e Internacional. Há 15 anos somente a dupla porto-alegrense conquista títulos regionais e, embora outras equipes tenham protagonizado decisões recentes, é difícil lembrar qual foi o último clube “fora do eixo” que deu a volta olímpica no Rio Grande do Sul.
Trata-se do Caxias, que em 2000 fez uma campanha histórica para faturar sua primeira taça estadual. Na época, o time era comandado pelo jovem técnico Adenor Leonardo Bachi, o Tite, que assumiu o cargo aos 30 anos. Em campo, destacaram-se com gols Adão, Gil Baiano (7), Delmer (5), Ivair, Luciano Araújo e Maurício (4).
Como não estava pré-classificada para a segunda fase, o Falcão Grená precisou concorrer a uma das cinco vagas disputadas por 14 clubes, que foram divididos igualmente em duas chaves. No grupo A, os compromissos do Caxias seriam contra Esportivo, São José, Veranópolis, Rio Grande (convidado), Pelotas e Iternacional-SM.
A caminhada foi difícil, principalmente porque os três primeiros jogos, dois deles no Estádio Centenário, terminaram empatados. O primeiro triunfo ocorreu em casa, diante do Rio Grande, com um gol solitário do meio-campista Maurício no último minuto do segundo tempo. A partir de então, a equipe de Tite ganhou cinco vezes seguidas.
A boa sequência, entretanto, foi interrompida pelo próprio Rio Grande, no Estádio Antônio Aldo Dapuzzo, que venceu por 2 a 1. Jogando diante de sua torcida, o Caxias perdeu ainda para Esportivo (3 a 1) e São José (2 a 1). Também obteve resultado negativo em sua visita a Veranópolis, quando os locais triunfaram por 4 a 2.
Mesmo com os reveses, o time grená manteve a vice-liderança e avançou junto com Esportivo, 15 de Novembro, Passo Fundo e Santa Cruz. O octagonal seria disputado em ida e volta, e o campeão da cada turno se classificaria automaticamente para a decisão. Os favoritos ao título, no entanto, saíram atrás nos sete primeiros confrontos.
No Estádio Centenário, o Caxias goleou o Passo Fundo por 4 a 0. Na sequência, também saiu vitorioso do clássico “Ca-Ju” em território rival, no Alfredo Jaconi, outra vez com gol solitário de Maurício. O Internacional também foi vítima e perdeu em Caxias do Sul por 1 a 0, enquanto o 15 de Novembro deu fim à série de vitórias grená.
Na penúltima rodada do primeiro turno, o Falcão Grená tinha um ponto de vantagem sobre o Grêmio, seu próximo adversário. O Olímpico estava lotado na ocasião, já que uma vitória simples colocaria o Tricolor na final. E um elenco recheado de bons jogadores, como Zinho, Amato e Ronaldinho, sob o comando do técnico Antônio Lopes.
Mas isso não intimidou a equipe visitante, que saiu na frente com um golaço de Ivair. Os donos da casa empataram ainda na primeira etapa, com Amato, mas Jajá converteu o gol que garantiu a vaga para a final. No segundo turno, o Grêmio teria e melhor campanha, o que o credenciava a ter uma revanche contra o time de Caxias do Sul.
Para surpresa geral, o Falcão alçou voo no Estádio Centenário e ganhou por 3 a 0 do time da capital, com tentos de Gil Baiano,no fim do primeiro tempo, Ivair, de falta, no início da etapa final, e Márcio Han, aos 22 minutos. Com isso, o Grêmio precisava de uma virada épica para garantir a taça. Mas não foi o que ocorreu.
O jogo de volta acabou sendo adiado em função das chuvas e foi realizado no dia 21 de junho, em Porto Alegre. A pressão gremista, como esperado, foi intensa, mas não conseguiu vazar a meta de Gilmar. Nem mesmo Ronaldinho, que perdeu uma cobrança de pênalti no final do confronto.
Com 28 jogos, o Caxias teve o melhor ataque da competição. Foram 42 gols marcados e 28 sofridos. Vale ressaltar que o clube foi o que mais partidas disputou. O Internacional, por exemplo, foi a campo 14 vezes e anotou 30 gols. Entretanto, esse detalhe não apaga a brilhante campanha do time grená, que festejou com estilo a conquista de seu primeiro título estadual.