O Campeonato Italiano é dominado pelos três principais times do Norte do país há mais de uma década. Desde aquele memorável 17 de junho 2001, quando a Roma venceu por 3 a 1 o “finado” Parma, no Estádio Olímpico, pela última rodada, somente equipes de Turim e Milão sagraram-se campeões nacionais.
De lá para cá, entre esquemas de arbitragem e punições, a Juventus ganhou seis taças oficiais (2001-02, 2002-03, 2011-12 a 2014-15), enquanto a Internazionale celebrou cinco conquistas (2005-06 a 2009-10). Para completar a lista, o Milan obteve o Scudetto nas edições realizadas em 2003-04 e 2010-11.
A supremacia dos clubes das regiões de Piemonte e Lombardia, entretanto, não significa que os adversários do restante do país tenham ficado longe de quebrar a incômoda marca que já dura 14 anos. A Roma, por exemplo, foi o rival que mais vezes bateu na trave, com oito vice-campeonatos neste período.
O outro representante “fora do eixo” que tentou superar a hegemonia nortista foi o Napoli de 2012-13, comandado por Walter Mazzarri, orquestrado por Marek Hamšík e liderado pelo artilheiro Edison Cavani. Mesmo com um grupo competitivo, a diferença dos “Azzurri” para a Velha Senhora no final das contas foi de 10 pontos.
Nas últimas temporadas, a disputa pelo topo costuma ser acirrada até a metade do certame, quando os postulantes ao título sofrem tropeços, e a Juventus, quase imbatível em sua casa, segue firme na ponta da tabela. Neste ano, o cenário é um pouco diferente.
Com a perda de três jogadores importantes, caso Andrea Pirlo (New York City), Carlos Tevez (Boca Juniors) e Arturo Vidal (Bayern de Munique), o atual vice-campeão europeu encontra dificuldades para embalar. Hoje, ocupa a modesta 14ª posição com nove pontos ganhos em oito jogos – oriundos de duas vitórias, três empates e três derrotas.
Em virtude da fraca largada do time de Massimiliano Allegri, as equipes do Centro-Sul voltam a sonhar com a glória nacional. Claro que ainda faltam 30 rodadas para o fim do torneio, mas este início é empolgante, sobretudo para Fiorentina e Roma.
Enquanto a “Viola” do técnico português Paulo Sousa é líder com 18 pontos, os romanistas de Rudi Garcia estão no segundo lugar com os mesmos 17 pontos da Internazionale, levando vantagem devido ao saldo de gols. Ainda pelos critérios de desempate, o Napoli aparece em quarto, à frente de Sassuolo e Lazio, todos com 15 pontos.
Vale ressaltar que os três “intrusos” possuem os ataques mais eficientes até o momento. A Roma contabiliza 20 gols, dois a mais que o Napoli e cinco de diferença para a Fiorentina, que, por sua vez, tem a melhor defesa ao lado da Internazionale (seis gols sofridos).
Na lista de assistências, Alonso e Ilic distribuíram juntos quatro passes para gol na Fiorentina. No Napoli, a função coube a Insigne (3), Gabbiadini (2), Allan e Higuaín (2). Já os garçons da Roma são Pjanic (4), Falqué (2) e Digne (2).
Na relação de artilheiros, novamente os clubes citados se destacam. Com seis tentos cada, Insigne e Higuaín dividem a liderança, deixando para trás Kalinic (5), da Fiorentina, autor do único hattrick do torneio até agora, além dos romanistas Salah e Pjanic (4).
Contra adversários fortes, o Napoli já recebeu Fiorentina e Juventus e venceu ambos por 2 a 1. Também goleou Milan (4 a 0) e Lazio (5 a 0). Por sua vez, a Viola bateu a Inter (4 a 1) e o Milan (2 a 1), ao passo que a Roma ganhou da Juventus por 2 a 1, no Olímpico.
Apesar dos bons resultados, os quatro primeiro colocados mostraram certa fragilidade como visitantes, à exceção da Internazionale, que ainda não perdeu fora de casa, mas, ao contrário dos rivais, conheceu a derrota em seus próprios domínios.
A próxima rodada, que será realizada neste fim de semana, deve ditar o ritmo dos jogos subsequentes, pois teremos no domingo (25) o encontro de Fiorentina e Roma, no Estádio Artemio Franchi, em Florença.
O vencedor, caso haja um, certamente sairá fortalecido. Por outro lado, um empate pode favorecer a Inter, que visita o Palermo um dia antes e alimenta o sonho de recuperar o topo da tabela.
Reforço que ainda está cedo para realizar previsões, mas o começo inesperado da Juventus, tão dominante nos últimos quatro anos, de fato impulsiona as ambições no Centro-Sul italiano, que busca uma alegria há tempos distante: a do Scudetto.