Com Aristizábal goleador, Colômbia fez história em casa

Com Aristizábal goleador, Colômbia fez história em casa

Em 2001, país "cafetero" sediou a Copa América vez pela primeira e foi campeão inédito

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Colômbia Copa América 2001
Jogadores comemoram título diante do México após campanha perfeita no certame continental (Foto: Reprodução)

A Colômbia atravessava um momento complicado na passagem do século passado para o atual, precisando administrar, por exemplo, os constantes problemas envolvendo as Forças Armadas Revolucionárias (FARC) e o governo, que buscava um processo de paz.

Além da questão dos conflitos armados, o país também enfrentava adversidades dentro e fora de campo, pois organizaria a 40ª edição da Copa América, entre 11 e 29 de julho, e necessitava de um bom desempenho nas Eliminatórias para a Copa do Mundo de 2002.

Para dificultar o momento, o selecionado demitiu o técnico Luis Augusto García a quase  três meses do início do torneio continental, recontratando Francisco Maturana, que já havia sido treinador nos Mundiais de 1990, na Itália, e de 1994, nos Estados Unidos.

Abrigando pela primeira vez a Copa América, a Colômbia, vice-campeã em 1975, recebeu oito membros filiados à Conmebol, México, Costa Rica e Honduras, todos estes da Concacaf. Vale lembrar que a Argentina, em decorrência dos problemas internos vividos pelo país-sede, alegou falta de segurança e não participou da competição.

Desta maneira, os anfitriões jogaram em Barranquilla com Chile, Equador e Venezuela, enquanto a cidade de Cali recebeu o grupo B, formado por Brasil, Peru, Paraguai e México. Já o grupo C, em Medellín, foi composto por Costa Rica, Honduras, Uruguai e Bolívia.

Na estreia, os donos da casa enfrentaram a Venezuela, no Estádio Metropolitano Roberto Meléndez, e venceram por 2 a 0, com um gol de Freddy Grisales no primeiro tempo e outro de Víctor Hugo Aristizábal, de pênalti, na etapa complementar. Na rodada seguinte, “Aristigol” voltou a marcar no triunfo simples sobre o Equador. Diante do Chile, o atacante balançou as redes após cobrança de pênalti e viu Eudalio Arriaga definir o placar: 2 a 0.

Com os resultados, a Colômbia foi a única seleção a terminar a primeira fase com 100% de aproveitamento, pois o Brasil alcançou a liderança de seu grupo com duas vitórias e uma derrota, ao passo que a Costa Rica, classificada na primeira posição, acumulou dois triunfos e um empate. Nas quartas de final, portanto, os “cafeteros” mediram forças com o Peru, pior terceiro colocado, no Estádio Centenário, em Armênia.

Após uma etapa inicial complicada, a estrela de Aristizábal brilhou outra vez mais. Com faro de matador, ele abriu o placar com um chute cruzado e decretou a vitória com um golaço de cabeça. O segundo tento foi obra do meio-campista Giovanni Hernández, que aproveitou falha da defesa dentro da área e não desperdiçou. Um 3 a 0 contundente.

Semifinalista, a Colômbia teria de encarar a surpreendente Honduras, que na fase anterior havia eliminado o Brasil de Luiz Felipe Scolari, então defensor do título e na busca pelo tricampeonato consecutivo. Mas a sensação do torneio não repetiu a façanha diante dos donos da casa. Logo aos 6 minutos, o meia Gerardo Bedoya, com uma bomba de esquerda invejável, deixou os locais em vantagem.

A diferença no placar se manteve até o começo da etapa complementar, quando Aristizábal – sempre ele – fez pulsar o Estádio Palogrande, localizado na cidade de Manizales. O camisa 10 selou a classificação para a final com um legítimo gol de matador. Honduras ainda criou algumas jogadas perigosas, mas nenhuma que ameaçasse o sonho do povo que sofria com a situação política de um país dividido.

O rival na briga pelo título, no Estádio Nemesio Camacho, mais conhecido como El Campín, em Bogotá, seria o convidado México. Vice-líder no grupo do Brasil, a seleção azteca despachou Chile (2 a 0) e Uruguai (2 a 1) na segunda fase, respectivamente. Apesar de ter tido um fraco desempenho no ataque (5 gols feitos), o México ostentava a segunda melhor defesa (2 gols até então), atrás da própria Colômbia, que não havia sido vazada.

Em uma partida bastante emparelhada, que deixou as unhas dos torcedores de ambas as nações completamente roídas, o capitão cafetero, Iván Ramiro Córdoba, apareceu na área para decidir. Após cobrança de falta, no segundo tempo, ele levou a melhor sobre três oponentes e, de cabeça, encaminhou a bola para o fundo da meta de Oscar Pérez.

A glória de ser campeão, enfim, foi alcançada. E com autoridade. A seleção colombiana ganhou todos os jogos que disputou sem sofrer gols, e Aristizábal foi o artilheiro isolado do torneio, convertendo seis tentos. A rica experiência e o bom momento, porém, não ajudaram os cafeteros no decorrer do ano. Eles ficaram em sexto lugar nas Eliminatórias, uma posição abaixo da repescagem, e não foram ao Mundial de 2002.

A dor por ter perdido a vaga na Copa, pelo menos, pôde ser amenizada com o grande exemplo de unidade que caminhou ao lado da Colômbia durante tempos difíceis até a consagração inédita. Relembre abaixo os jogadores que festejaram naquele inesquecível 29 de julho, dia em que o continente parou para vê-los dar a volta olímpica em Bogotá.

Goleiros: Óscar Córdoba; Miguel Calero

Defensores: Iván Córdoba; Mario Yepes; Roberto Carlos Cortés; Andrés Orozco; Iván López; Jersson González; Gerardo Bedoya;

Meio-campistas: Fabián Vargas; David Ferreira; John Restrepo; Juan Carlos Ramírez; Freddy Grisales; Óscar Díaz Asprilla; Mauricio Molina; Giovanni Hernandez

Atacantes: Elson Becerra; Víctor Aristizábal; Eudalio Arriaga; Elkin Murillo; Jairo Castillo.

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