Em confronto direto por vaga na próxima Copa do Mundo, Argentina e Peru farão um duelo crucial no dia 5 de outubro, em Buenos Aires, na penúltima rodada das Eliminatórias. Por incrível que pareça, a história se repete pela 4ª vez. Ambas os países já se encontraram nessas circunstâncias em 1969, 1985 e 2009, todas em solo portenho.
O mais especial de todos, sem dúvida, foi o confronto do dia 30 de outubro de 1985, no Monumental de Núñez, válido pela última rodada e com um detalhe pra lá de especial: o autor do gol que garantiu a Albiceleste no Mundial do México, onde Diego Maradona levantaria a taça do bicampeonato, foi Ricardo Gareca, técnico dos Incas desde 2015.
Uma semana antes da partida derradeira, o Peru havia superado a Argentina por 1 a 0, no Estádio Nacional de Lima, e entrava de vez na briga pela liderança do grupo, que também era formado por Colômbia e Venezuela. Apesar do revés, os hermanos assegurariam a qualificação direta para a Copa com um simples empate em casa. E tudo parecia estar bem encaminhado quando Pedro Pasculli abriu o marcador aos 12 minutos de jogo.
Porém, os visitantes reverteram o placar antes do intervalo, com José Velásquez e Gerónimo Barbadillo. O tempo corria, e Maradona, cujos movimentos eram rigorosamente limitados pela dedicada marcação de Luis Reyna, não conseguia desfilar seu brilhantismo. Até que a poucos minutos do fim, Passarella deu um chute cruzado, a bola desviou na mão de Eusebio Acasuzo, bateu na trave, e encontrou Gareca em cima da linha. Alívio.
O empate por 2 a 2 deixou os argentinos com 9 pontos, um de vantagem sobre os peruanos, que foram para a respecagem e acabaram eliminados pelo Chile. A má sorte, por ironia do destino, afligiu tanto a Blanquirroja quanto Gareca, preterido na convocação de Carlos Bilardo em 1986, no que foi, segundo o ex-jogador, o momento mais triste de sua carreira de futebolista. “Chorei como um condenado”, revelou certa vez à El Gráfico.
Depois de 32 anos, o técnico tem a chance de ser vilão argentino. Com duas rodadas para o fim das Eliminatórias, os dois selecionados somam 24 pontos cada e ocupam o quarto e quinto lugares, respectivamente, com a Albiceleste na zona de repescagem devido aos critérios de desempate. Logo em seguida aparecem Chile (23) e Paraguai (21). Uma derrota seria desastrosa para os argentinos e poderia enterrar seus sonhos mundialistas.
O desfecho em 10 de outubro de 2009, também no Monumental de Núñez, foi festivo graças a Palermo, em episódio já relatado aqui no Alambrado.
Por outro lado, em 31 de agosto 1969, na Bombonera, quem levou a melhor foram os peruanos, comandados por Didi (ele mesmo, o Folha-seca, o Príncipe etíope do rancho, o Mr. Football). Os anfitriões dependiam da vitória a todo custo, mas só empataram por 2×2 e viram o Peru ir à Copa.
Por enquanto, a sede do próximo encontro ainda não foi definida. Seja qual for, abrigará outra vez a disputa entre velhos conhecidos, dessa vez mais íntimos do que nunca.