A volta olímpica na casa do maior rival

A volta olímpica na casa do maior rival

Saiba quais times argentinos ganharam títulos em clássicos fora de casa

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Um dos sabores mais amargos que os torcedores provam no futebol é ver seu eterno rival sagrar-se campeão, experiência indigesta até mesmo em jogos de caráter amistoso. O que dizer, então, quando a volta olímpica ocorre em pleno estádio adversário, com poucos torcedores visitantes silenciando a multidão local? Os casos são raros, mas existem.

Na Argentina, o roteiro citado esteve presente em três dos grandes clássicos do país, gerando resignação, festejo e, obviamente, cenas lamentáveis. O Alambrado relembra na lista abaixo decisões protagonizadas por rivais históricos.

Para entrar na relação, o clube precisa ter faturado o título na rodada do clássico, sempre disputado na casa do adversário. Ou seja, não serão considerados jogos em campo neutro ou no estádio do rival diante de outro time (exemplo: River Plate campeão na Bombonera contra o Racing, ou Independiente já campeão enfrentando o Huracán no Cilindro).

SUPERCLÁSSICO

A "Máquina" do River foi campeã em La Bombonera. Na foto, Múñoz, Moreno, Pedernera, Labruna e Lostau (Foto: Reprodução)
A “Máquina” do River foi campeã em La Bombonera. Na imagem, Múñoz, Moreno, Pedernera, Labruna e Lostau (Foto: Reprodução)

O clássico envolvendo os dois clubes que mais vezes ganharam o Campeonato Argentino e reúnem as duas maiores torcidas do país teve celebrações especiais para ambos os lados. O primeiro time a protagonizar tal façanha foi o River Plate, no dia 8 de novembro na 1942, ainda na 12ª temporada do profissionalismo.

Na ocasião, os “Millonarios” tinham a concorrência direta do San Lorenzo na busca pela glória nacional, mas trataram de assegurar o título matematicamente a duas rodadas do término do certame, quando empataram por 2 a 2 com o Boca Juniors na então “jovem” La Bombonera, construída dois anos antes.

Todos os gols dos visitantes foram marcados pelo atacante Adolfo Pedernera, um dos membros da equipe que ficaria conhecida como “A Máquina” e marcaria época na década de 1940, ganhando 8 títulos nesse período. Alguns destacados parceiros de Pedernera no setor ofensivo foram Juan Muñoz, José Moreno, Ángel Labruna e Félix Loustau.

Já o Boca Juniors, por sua vez, deu o troco no dia 14 de dezembro de 1969, na última rodada do torneio nacional. Um empate bastava para o time comandado por Alfredo Di Stéfano (sim, esse mesmo) comemorar no Monumental de Núñez. Aos 35 minutos do primeiro tempo, os xeneizes já venciam por 2 a 0 graças aos tentos de Norberto Madurga.

Na segunda etapa, o River Plate conseguiu empatar aos 22 minutos, mas a reação parou no gol de Victor Marchetti. Quando o árbitro Oscar Veiró apitou o final do jogo, os boquenses percorreram a pista olímpica aplaudidos pela torcida rival, enquanto funcionários do clube ligavam os irrigadores na tentativa de impedir o festejo.

CLÁSSICO ROSARINO

O primeiro dos rivais a gritar “é campeão” na cancha alheia foi o Rosario Central. No dia 11 de outubro de 1914, os “canallas” visitaram o Newell’s Old Boys em jogo válido pela penúltima rodada da Copa Nicasio Vila, a primeira divisão da Liga Rosarina de Futebol, que organizou o esporte na cidade interiorana entre 1905 e 1930.

Como o Central tinha três pontos de vantagem sobre seu maior oponente, a equipe jogava pelo empate no Coloso del Parque (hoje Estádio Marcelo Bielsa). Surpreendentemente, os visitantes golearam por 5 a 0, com três gols de Harry Hayes, um de Ennis Hayes e outro de Fidel Ramírez, celebrando o título em território rubro-negro.

A segunda vez em que ambos os clubes decidiram um título oficial foi em 16 de dezembro de 1928, novamente com o lado canalla comemorando diante dos torcedores “leprosos” após a vitória por 1 a 0, com tento de José Podestá. O Newell’s Old Boys só pôde dar o troco no Campeonato Argentino de 1974, das mãos do técnico Juan Carlos Montes.

A ocasião foi duplamente celebrada, pois, além da volta olímpica no velho Arroyito, o Newell’s também faturou seu primeiro título nacional no profissionalismo. A consagração se deu na última rodada do quadrangular final. Os visitantes necessitavam de um empate para levar a taça; os locais, da vitória para forçar um jogo-desempate em campo neutro.

Na tarde de 2 de junho, os leprosos perdiam por 2 a 0 quando o relógio apontava 24 minutos do segundo tempo. Mas a igualdade redentora veio com Armando Capurro e Mario Zanabria. Dois minutos antes do fim, torcedores locais invadiram o campo e forçaram a suspensão da partida. A AFA definiu o campeão dois dias depois.

CLÁSSICO DE AVELLANEDA

Entre Independiente e Racing, apenas a torcida dos “Diablos Rojos” pode se vangloriar de ter vencido um título na casa do rival. No dia 27 de julho de 1970, a equipe comandada pelo técnico Manuel Giúdice tinha um caminho complicado na rodada decisiva do Nacional.

Três dias antes, o River Plate, que estava há 13 anos em jejum, havia massacrado Únión de Santa Fe por 6 a 0, resultado que obrigava o Independiente a vencer o Racing dentro de um Cilindro abarrotado e a marcar também pelo menos três gols.

Os donos da casa saíram na frente com Benitéz, enquanto os Diablos empataram depois que Roberto Tarabini cobrou três penalidades (o goleiro Agustín Cejas havia se adiantado nas duas primeiras execuções). Roberto Perfume devolveu a vantagem para os locais, e Eduardo Maglioni empatou ainda no primeiro tempo.

A nove minutos do fim, Héctor Yazalde matou a bola no peito e, de canhota, estufou a rede. Com o placar, o Independiente se igualou ao River Plate na liderança, ambos com 27 pontos e 18 gols de saldo, mas levou o título graças ao número de tentos marcados (43 a 42). Começava ali uma era repleta de glórias: os melhores anos da história do Rojo.

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