Será mesmo que o Brasil é a terra prometida do futebol? Sempre é complicado medir a paixão por algo, mas por vezes nós caímos nessa pergunta que não nos deixa responder outra coisa diferente de sim. Porém, é mesmo mensurável o fanatismo de um povo pelo principal esporte do planeta?
O futebol sempre me atraiu. Paixão por instinto, por berço. Por que não por hábito? O Brasil não inventou o futebol, mas o tomou de assalto dos ingleses e logo o transformou na principal rota de fuga de um povo alegre.
Não, não é todo nascido em solo nacional que ama futebol. Apesar de viver em um círculo em que o esporte dita conversas e discussões, tenho noção de que não é a bola que rege o universo. O nosso sol não é o futebol, tampouco o anestésico para qualquer dor.
Não tenho dados para comprovar que o fanatismo pelo esporte bretão do nosso país é maior que o de outro qualquer. Mesmo assim, empiricamente, sinto que temos um sentimento de querer estar sempre ligados aos nossos clubes e a nossa seleção. Um sentimento que ainda se mantém vivo.
A repercussão da maior derrota de uma equipe e/ou seleção na história ainda é gigante. Nesta quarta-feira (08), completou-se um ano da derrota brasileira para os alemães por 7 a 1. Desde lá, discussões foram criadas, problemas detectados, e até um conselho gestor de ex-técnicos foi formado para alcançar soluções.
Até agora, nada muito efetivo foi visto. A percepção de que há muitos problemas é fundamental para uma melhora. Encontrar soluções é a chave para uma mudança gigantesca. É necessário, sim, revolucionar o modelo do futebol brasileiro. Todos sabemos e poucos se mexem verdadeiramente.
Enquanto isso, sigo me apaixonando mais por esse esporte tão ilógico. Sentindo falta de cada vez mais campos de várzea. Quadras lotadas por jovens em disputas por um sonho. No campo das ideias, o futebol cada vez mais é diminuído como aspiração primordial. A reestruturação passa também pela fogueira da paixão, combustível essencial para qualquer função.
O 7 a 1 será eterno. Aquela ferida que nunca cicatrizará por completo. É uma espécie de marca que um jovem leva no corpo após se machucar em um dos campos de terra do país. Campos cada vez mais raros. Ferimentos leves que sumiram e não fortalecem um futebol que anda enfraquecido.
Não foi o fim do mundo. Nem o fim do futebol brasileiro. A fênix sempre pode ressurgir das cinzas. Basta os trabalhos começarem. Os ingredientes da receita já foram divulgados. Agora falta reacender a chama de uma longínqua paixão.