A saída iminente do colombiano Juan Carlos Osorio do comando técnico tricolor evidencia, mais uma vez, o latente amadorismo dos dirigentes brasileiros. No caso, Aidar e companhia limitada não deram suporte necessário para total adaptação do gringo e não fizeram o papel para dar segurança ao trabalho do colombiano.
Nesta quarta-feira (07), Osorio, provavelmente, irá anunciar sua saída rumo à seleção mexicana. Decisão que contou com pitadas de novela latina e uma indecisão ímpar do técnico. Sentimento criado até pelo caráter e vontade de vencer no São Paulo.
Defeitos à parte, é evidente a força que o treinador fez para permanecer. Fosse outro, diante de um cenário político caótico e um elenco enfraquecido, a proposta vantajosa do México soaria como irrecusável.
Talvez o caso seja um exemplo do tamanho atraso estrutural e organizacional do futebol brasileiro. Não apenas pela dificuldade e resistência – até mesmo da imprensa – com técnicos estrangeiros e métodos diferentes dos utilizados aqui. A dificuldade em compreender e esperar dificulta a ousadia.
A solução não é só trazer um técnico de outro país. A estrutura enraizada no futebol brasileiro mina ideais e projetos. A aceitação em diversas camadas do nosso esporte demora a acontecer e causa rejeição até em quem apoiava.
Se Osorio, ou qualquer outro treinador, não receber total apoio da sua direção, jogadores, torcida e imprensa, será difícil a perpetuação de uma semente de ideais. E não precisa ser estrangeiro. Milton Mendes e Fernando Diniz foram vítimas recentes de suas diretorias.
Aliás, caso a diretoria do São Paulo queira “apagar” alguns dos erros primários que cometeu recentemente, que ao menos siga na linha de tentar mudar por meio do técnico. A aposta em um nome diferente, uma escolha ousada, poderia ao menos oxigenar um pouco o clube.
Os três técnicos que indicaria, na ordem, seriam os seguintes: Bielsa, Fernando Diniz e Milton Mendes. Diferenças de lado, são treinadores que seguem uma linha ofensiva e que valoriza o futebol ousado.
Parece loucura, mas tentaria um nome que seguisse reformando e mexendo com o comodismo de muitos. Porém, antes é necessária uma mudança vertical. Ao menos, por que o São Paulo não ousa novamente? Aliás, por que outros clubes não ousam? Será que eles querem melhorar?
Osorio foi um sopro de bons fluidos para o futebol brasileiro. Caso, realmente, o professor vá embora, que os três meses em solo nacional virem inspiração para qualquer tipo de mudança ideológica. O intercâmbio futebolístico já fortaleceu muito o nosso futebol. Basta voltar quase 60 anos no tempo.