A Copa Libertadores está afunilando. Restam agora somente oito equipes em busca da maior glória do futebol sul-americano, razão pela qual o Alambrado decidiu fazer uma análise comparativa sobre as quartas de final das últimas cinco edições do torneio. Em outras palavras, queremos observar os 40 participantes de 8 nacionalidades variadas que jogaram a referida fase da competição continental entre os anos de 2013 e 2017.
De início, o mais surpreendente é que nesse período apenas 20% dos times (8) chegaram duas vezes ao estágio mencionado. É também dizer que houve 32 nomes diferentes em busca de vaga na semifinal, revelando ausência de hegemonia e certo equilíbrio no que diz respeito à disputa de clubes. Quase o oposto exato da Liga dos Campeões, que no mesmo intervalo de tempo teve 31 recorrências (77,5%)* e 9 “intrusões” (22,5%)**.
Voltando ao nosso certame, os únicos que repetiram a façanha foram os seguintes escretes: River Plate (2015 e 2017), San Lorenzo (2014 e 2017), Lanús (2014 e 2017), Boca Juniors (2013 e 2016), Atlético-MG (2013 e 2016), Cruzeiro (2014 e 2015), Santa Fe (2013 e 2015) e Atlético Nacional (2014 e 2016). Destes, só Marcelo Gallardo (River) e Marcelo Oliveira (Cruzeiro) foram mantidos no cargo em ambas as participações.
Há fatores que explicam, em maior ou menor grau, a dificuldade de ser dominante na Libertadores, já que nem sempre o poderio financeiro e a qualidade técnica são determinantes para uma campanha de êxito.
Com certa frequência, grandes favoritos saem de maneira precoce, enquanto as zebras continuam surpreendendo todos os anos.
Os estádios que não são padronizados, os calendários distintos entre os países, a altitude, a cultura da troca de técnico, a pressão da torcida rival, as longas viagens. Tudo isso sem levar em conta as circunstâncias ordinárias do futebol, como lesões, venda de jogadores durante o torneio, paralisação do jogo, conflitos internos no elenco, problemas nas finanças e etc., motivos que, aliados, favorecem essa imprevisibilidade.
No entanto, se a constante entre times nas fases avançadas é baixa, por outro lado ela é bem alta quando se trata de nacionalidade.
Afinal, nesse quesito, há clara superioridade de Brasil e Argentina, que detêm o maior número de vagas para o torneio (hoje 7 e 6, após a reestruturação que tirou os mexicanos em 2017, por conflitos de calendário).
Dos últimos 40 candidatos ao título, 12 eram hermanos e 10 eram brazucas, totalizando 55%. Na sequência, aparece Colômbia (5), Equador (3), Paraguai (3), o agora ausente México (3), Bolívia (2) e Uruguai (2), evidenciado, por exemplo, o crescimento dos cafeteros e o declínio dos charruas. Raramente a taça fica longe das duas primeiras nações, mas é visível a dificuldade que seus tradicionais representantes têm enfrentado.
Confira abaixo as últimas 5 edições da Copa Libertadores:
2017 (3 argentinos, 3 brasileiros, 1 boliviano, 1 equatoriano)
Jorge Wilstermann (BOL) x River Plate (ARG)
San Lorenzo (ARG) x Lanús (ARG)
Barcelona Guayaquil (EQU) x Santos (BRA)
Botafogo (BRA) x Grêmio (BRA)
2016 (2 argentinos, 2 brasileiros, 1 colombiano, 1 mexicano, 1 equatoriano, 1 uruguaio)
Atlético Nacional (COL) x Rosario Central (ARG)
Atlético-MG (BRA) x São Paulo (BRA)
Pumas (MEX) x Independiente del Valle (EQU)
Boca Juniors (ARG) x Nacional (URU)
2015 (2 argentinos, 2 brasileiros, 1 paraguaio, 1 mexicano, 1 equatoriano, 1 colombiano)
River Plate (ARG) x Cruzeiro (BRA)
Guaraní (PAR) x Racing (ARG)
Tigres (MEX) x Emelec (EQU)
Internacional (BRA) x Santa Fe (COL)
2014 (3 argentinos, 1 brasileiro, 1 colombiano, 1 boliviano, 1 paraguaio, 1 uruguaio)
Arsenal (ARG) x Nacional (PAR)
Defensor Sporting (URU) x Atlético Nacional (COL)
Cruzeiro (BRA) x San Lorenzo (ARG)
Bolívar (BOL) x Lanús (ARG)
2013 (2 argentinos, 2 brasileiros, 2 colombianos, 1 mexicano e 1 paraguaio)
Atlético-MG (BRA) x Tijuana (MEX
Newell’s Old Boys (ARG) x Boca Juniors (ARG)
Santa Fe (COL) x Real Garcilaso (COL)
Olimpia (PAR) x Fluminense (BRA)
*Na Liga dos Campeões, fizeram mais de uma aparição entre 2013 e 2017 Barcelona (5x), Real Madrid (5x), Atlético de Madrid (4x), Bayern de Munique (5x), Borussia Dortmund (3x), Paris Saint-Germain (4x), Monaco (2x) e Juventus (3x).
**Na Liga dos Campeões, os “intrusos” no período mencionado foram Galatasaray (2013), Málaga (2013), Chelsea (2014), Manchester United (2014), Porto (2015), Benfica (2016), Wolfsburg (2016), Manchester City (2016) e Leicester (2017).
*** A Espanha foi o país mais representado nas quartas de final (15), seguida por Alemanha (9x), França (6x), Inglaterra (4x), Itália (3x), Portugal (2x) e Turquia (1x).
