A “cabeça mágica” do maior artilheiro da Libertadores

A “cabeça mágica” do maior artilheiro da Libertadores

Equatoriano Alberto Spencer fez história com o Peñarol e deixou seu nome na galeria de lendas do futebol

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Alberto Spencer
Goleador, Alberto Spencer é ídolo do Peñarol e brilhou nos anos 1960. (Foto: Reprodução/El Diario)

Em um continente onde uruguaios, argentinos e brasileiros costumam se destacar historicamente pela quantidade de títulos e também pelo número de gols, tornando-se protagonistas no mundo do futebol, é interessante salientar o papel que desempenhou o equatoriano Alberto Pedro Spencer Herrera durante a década de 1960.

Tido como o maior futebolista de seu país, o jogador de ascendência jamaicana nasceu no dia 6 de dezembro de 1937, em Ancón, região litorânea e petroleira que está a cerca de 500km da capital Quito. Como a maioria dos garotos da época, ele começou a jogar futebol nos campos de terra de sua cidade natal e depois frequentou o Club Los Andes.

Seu irmão Marcos, que então defendia o Everest, ajudou-o a integrar o elenco do clube de Guayaquil em 1953. No entanto, só duas temporadas mais tarde, em 29 de junho de 1955, o atacante de 17 anos pôde debutar profissionalmente, na derrota por 3 a 1 para o Emelec. No encontro seguinte, contra o Nueve de Octubre, já anotaria seu primeiro gol.

Até 1959, Spencer fez destacadas aparições com a camisa do Everest, embora não tenha celebrado uma única volta olímpica no período – à exceção do torneio amistoso Trofeo Cervecería Nacional, quadrangular realizado em 1958, no qual ele representou o Emelec e sagrou-se campeão junto com o Sporting Cristal, por igualdade de pontos.

Sua impressionante média de gols o levou ao selecionado nacional, comandado na ocasião por Juan López Fontana, técnico do Uruguai no fatídico Maracanazo. Em 1959, o Equador recebeu a edição extraordinária do Campeonato Sul-Americano, a atual Copa América, mas não teve boa campanha. O talento do atacante, por outro lado, não passou despercebido, e dirigentes do Peñarol trataram de encaminhar sua transferência.

Apesar de carregar na bagagem 101 gols em 90 partidas pelo Everest, Spencer chegou tímido à equipe aurinegra e sob certa desconfiança por parte da torcida. Nenhum fator, todavia, que atrapalhasse seu rendimento em campo. Logo em sua estreia, converteu três tentos em um amistoso contra o Atlanta, da Argentina, em 8 de março de 1960.

Do referido dia em diante, sua carreira enquanto jogador foi repleta de êxitos. Somente no Peñarol, Spencer ganhou 7 títulos do Campeonato Uruguaio (1960, 61, 62, 64, 65, 67 e 68), 3 da Copa Libertadores (1960, 61 e 66), 2 da Copa Intercontinental (1961 e 66) e 1 da Supercopa de Campeões Intercontinentais (1969).

Além das taças, ele obteve a artilharia de sete competições e tornou-se o maior artilheiro da história da Libertadores, com 54 gols em 87 partidas. O segundo colocado é o uruguaio Fernando Morena, com 37 tentos em 77 jogos. Na lista de Copas Intercontinentais, Spencer está na vice-liderança com 6 gols, atrás do Rei Pelé, que tem 7.

Alberto Spencer
Torcida do Peñarol faz homenagem após morte de Spencer, em 2006 (Foto: Reprodução/ Taringa)

A idolatria do equatoriano no Uruguai lhe gerou propostas de nacionalização, ideia recusada pelo jogador, que mesmo assim vestiu a “Celeste” em amistosos e marcou um gol na derrota por 2 a 1 para a Inglaterra, em Wembley, em 6 de maio de 1964.

Humilde, alto, veloz, grande cabeceador, habilidade que inspirou a alcunha de “cabeça mágica”, e dono de bons arremates de média e longa distâncias, Spencer formou uma temida linha ofensiva ao lado de Luis Cubilla, Ernesto Ledesma, José Sasía e Juan Joya.

Optou por encerrar a carreira em sua terra natal, defendendo o Barcelona de Guayaquil, e despediu-se dos gramados com 510 gols oficiais, não antes, claro, de conduzir seu time à conquista do Campeonato Equatoriano de 1971, o único do clube até 1980.

Por atuações como aquelas diante do Real Madrid na decisão da Copa Intercontinental de 1966, quando marcou dois gols em Estádio Centenário e outro no Santiago Bernabéu, na vitória global por 4 a 0, tornou-se uma lenda, condição que jamais será apagada.

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