Hoje o dia é de festa para os fãs do lado mais alegre, folclórico e descontraído do futebol. Neste 4 de março, Dario José dos Santos, o lendário Dadá Maravilha, completa 70 anos. E o que não falta nesse aniversário são boas histórias para contar.
Afinal de contas, não é todo mundo que pode se vangloriar por ser um dos cinco maiores goleadores do país do futebol. Como bem se sabe, até porque ele nunca fez questão de esconder, nem todos os 926 gols de Dadá foram obras-primas. Mas o desenrolar da carreira do ídolo de diferentes torcidas é repleto de maravilhas. Em homenagem a esta grande figura do mundo da bola, o Alambrado reuniu sete delas:
Redenção graças ao esporte
Assim como diversos boleiros, Dadá teve uma infância atribulada. Quando tinha apenas cinco anos, foi testemunha do suicídio da mãe. O pai, sem condições de sustentar três crianças, acabou internando os filhos na Fundação do Bem-Estar do Menor (Febem). Durante a estadia, o jovem Dario entrou no mundo do crime.
Depois de participar de vários pequenos assaltos, a vida de Dadá parecia já ter um rumo definido, algo muito distante das glórias que acabariam vindo depois. Mas aos 18 anos, Dario conheceu aquela que seria sua maior companheira por muito tempo: a bola. Foi nessa época que ele teve o primeiro contato com a redonda, enquanto fazia parte do exército. Daí pra frente, um novo caminho se abriu.
Libertador do Galo
Dadá chegou ao Atlético-MG em 1968, vindo do Campo Grande, onde era considerado fraco tecnicamente, mas capaz de suprir a ausência de habilidade com muito vigor e oportunismo.
Isso não era o suficiente para João Saldanha, técnico da Seleção Brasileira, que se recusava a chamá-lo como opção de ataque na Copa do Mundo de 1970. Mas estava ótimo para a fanática torcida do Galo.
Sob o comando de Telê Santana, o centroavante cresceu ainda mais, tornando -se o artilheiro do time mineiro na campanha do título brasileiro de 1971. Dadá ainda mostraria seu poder de decisão, marcando o gol decisivo no duelo contra o Botafogo, que rendeu a taça ao Atlético.
Dez gols em um jogo
Depois de uma passagem pelo Flamengo e um breve retorno ao Atlético, Dadá desembarcou no Recife para defender o Sport em 1975. O rubro-negro vinha de um jejum de títulos que já durava 12 anos, mas acabaria ali.Logo no primeiro ano, o atacante sagrou-se artilheiro do Pernambucano com 32 gols, culminando também com o título no torneio.
No ano seguinte, o título não veio, mas os gols continuaram. Foram 30 no estadual, sendo 10 deles marcados apenas contra o modesto Santo Amaro, em uma acachapante goleada por 14×0 do Leão. Antes mesmo do final do campeonato, o artilheiro seria vendido para o Internacional.
Mais um nacional
Pelo time gaúcho, Dario não demorou para mostrar a que veio. Logo na chegada já sagrou-se campeão gaúcho. O Colorado era uma verdadeira máquina, com Maga, Figueroa, Caçapava, Falcão, entre outros. E o encaixe do matador com o resto do elenco foi essencial para a conquista do bicampeonato brasileiro.
Na final, disputada em jogo único contra o Corinthians no Beira-Rio, a diferença de qualidade técnica entre os times parecia evidente, com o Inter claramente favorito. Coube ao “grosso” Dadá abrir o caminho para o título, bem ao seu estilo: Subindo no terceiro andar para tocar de cabeça para o fundo das redes. Valdomiro ainda completaria o placar e a festa da torcida do Internacional.
Batismo de gols
Dadá sempre foi um mestre na arte da auto-promoção. Uma das brincadeiras mais utilizadas era “batizar” alguns gols específicos, fazendo com que se tornassem ainda mais marcantes na memória do torcedor.
Quando brigava com os zagueiros e encontrava um caminho para as redes, chamava de “gol labirinto”. Os tentos em homenagem à torcida do Atlético eram chamados de “beijinho doce”. Ao marcar no Dia dos Namorados, criou o “gol ternura”. Uma meia-bicicleta que acabou dando certo virou “velotrol”, e por aí vai.
O quinto maior
Em uma carreira de vinte anos, com passagens por dezesseis clubes diferentes, Dadá conseguiu deixar sua marca em praticamente todos. Não à toa, conseguiu estufar as redes 926 vezes, o que o coloca como o quinto maior artilheiro do futebol nacional.
Os números são ainda mais importantes considerando que o atacante foi o goleador máximo em três edições do Campeonato Brasileiro (1971, 1972 e 1976). Ele também foi artilheiro do Mineiro por quatro vezes, além de outros prêmios no Carioca (pelo Flamengo) e no Amazonense (pelo Nacional).
Sete frases
“Nunca aprendi a jogar futebol pois perdi muito tempo fazendo gols”.
“Há três poderes na terra. Deus no céu, o Papa no Vaticano e Dadá na grande área”.
“Somente três coisas param no ar; beija flor, helicóptero e Dadá”.
“Não existe gol feio. Feio é não fazer gol”.
“Pelé, Garrincha e Dadá tinham que ser currículo escolar”.
“Faço tudo com amor, inclusive o amor”.
“No futebol existem nove posições e duas profissões: o goleiro e o centroavante”.