A Copa do Mundo sub-20 terminou na madrugada do ultimo sábado (20) e despertou um sentimento parecido nas populações de Sérvia e Brasil. Campeã e vice, respectivamente, as duas nações mostraram uma nova safra que em breve pode brilhar em outros campos do mundo.
A final, disputada em bom nível técnico, consagrou um torneio com ótimos destaques individuais e equipes com bom jogo coletivo. A média de quase 3 tentos por partida demonstra a boa movimentação que a maioria das partidas teve.
A seleção brasileira sub-20, também “ferida” após o 7 a 1 da equipe principal, deu a volta por cima na primeira grande competição disputada após a fatídica derrota do Mineirão. O trabalho, que parecia estar comprometido com a demissão do técnico Gallo um mês antes do torneio, foi extremamente bem feito por Rogério Micale.
Com uma formação ofensiva e que priorizava a transição rápida, Micale superou a má convocação do antecessor, além do curto espaço de tempo de treinamento da equipe, para alcançar um honroso vice-campeonato.
A final contra a boa geração sérvia teve grande repercussão, e nem o horário da partida (disputada durante a madrugada) afastou os torcedores da amarelinha. Pena para os brasileiros que os sérvios comemoraram o seu primeiro título sub-20 como nação independente.
Uma geração com remanescentes do título da Euro sub-19 em 2013 e da terceira colocação da mesma competição no ano passado. A solidificação de um belo trabalho que vem sendo feito há tempos. Diferentemente do Brasil, que teve muitas incertezas na era Gallo, tendo apresentado um futebol decepcionante no Sul-americano sub-20 do começo do ano, por exemplo.
As mudanças sob comando de Micale afagam e dão esperanças. Assim como as talentosas seleções africanas, principalmente o protagonista Mali, que enchem de esperança o continente. Sob a batuta do melhor jogador da competição, Adama Traoré, os africanos deram show em alguns jogos e mostraram força até mesmo diante da poderosa Alemanha, nas quartas-de-final.
Não podemos deixar de destacar a forte geração portuguesa. Vice-campeão da Europa na categoria, Portugal desfilou talento e padrão tático até cair diante do Brasil nos pênaltis, nas quartas-de-final.
Melhores, os lusos só não passaram pela seleção brasileira graças a uma das excelentes atuações do goleiro Jean, em uma das grandes partidas do ótimo Mundial sub-20 realizado na Nova Zelândia.
Seleção do torneio (Formada no esquema 4-3-3)
Goleiro
Predrag Rajković (Sérvia), 19 anos – Estrela Vermelha
Sem dúvidas, o grande goleiro da competição. Barreira quase intransponível em todos os jogos, Rajkovic viveu seu apogeu na final contra o Brasil. Muito seguro, chegou a operar defesas de extrema dificuldade no jogo. É preparado para ser titular por muito tempo da seleção sérvia e do seu clube, o Estrela Vermelha.
Lateral-direito
Milan Gajić (Sérvia), 19 anos – OFK Belgrado
Uma válvula de escape do time da Sérvia. A velocidade e técnica do lateral eram uma das armas da seleção, quando acuada. Apesar do poder ofensivo, compunha com muita perfeição o ótimo sistema defensivo do time. Na final, conseguiu segurar o ímpeto do ótimo lateral brasileiro Jorge.
Zagueiros
Marlon (Brasil), 19 anos – Fluminense
O melhor zagueiro da competição. Muito veloz, Marlon esbanjou vitalidade e foi perfeito até no um contra um. Com um bom espírito de liderança e um amadurecimento precoce, foi o grande pilar do sistema defensivo brasileiro. Praticamente não falhou em nenhum jogo da competição.
Domingos Duarte (Portugal), 20 anos – Sporting Lisboa
Sem muito “hype”, Domingos Duarte comandou a ótima defesa portuguesa, talvez a mais sólida do torneio. Alto e com bom senso tático, cobria muito bem os avanços de Rafa. Deve receber chances em breve na seleção principal, já que o setor é um dos mais carentes da equipe.
Lateral-esquerdo
Jorge (Brasil), 19 anos – Flamengo
Lateral tipicamente brasileiro. Um poço de técnica e qualidade para atacar, mas com alguns problemas na defesa. Fez um Mundial praticamente perfeito do ponto de vista técnico. Algumas vezes, falhou na cobertura e deu chances aos adversários. Mesmo assim, deve evoluir muito e ser um dos grandes laterais do futebol canarinho.
Meio-campistas
Danilo (Brasil), 19 anos- Sporting Braga
O capitão e líder da seleção brasileira. Parece ter uma experiência acima da média da idade. Técnico, ajudou muito com as suas subidas ao ataque. Com a imposição física, parece sobrar em campo. Um meio-campista que faz tudo e que encerrou com chave de ouro seu ciclo na base da seleção.
Nemanja Maksimović (Sérvia), 20 anos – Astana
Peça fundamental no esquema tático do time campeão. Apesar de meio-campista ofensivo, cumpria com perfeição as funções defensivas e se impunha fisicamente. Muito alto, era importante também na bola aérea. Marcou o gol do título da Sérvia com muita qualidade e frieza.
Gabriel Boschilia (Brasil), 19 anos – São Paulo
Até a final, talvez tenha sido o grande destaque ofensivo da seleção brasileira. Muito técnico e com ótimo chute, Boschilia ajudou o Brasil a decidir algumas partidas, como contra Senegal e Nigéria. Na decisão, foi eclipsado por Andreas Pereira, após não se encontrar em campo na primeira etapa.
Atacantes
Andrija Živković (Sérvia), 18 anos – Partizan
Um jogador de frente brilhante. Um prodígio do futebol sérvio e precoce na seleção nacional e em seu clube. Capitão mais jovem da história do Partizan, com apenas 17 anos, tem espírito de liderança e muita maturidade. Capaz de jogar em todas as posições da linha ofensiva, mostra-se um jogador completo e que em breve deve brilhar em algum poderoso clube europeu.
Adama Traoré (Mali), 19 anos – Lille
Uma surpresa agradável, assim como Mali, Traoré desfilou talento e inteligência em campo. Capaz de dar assistências e marcar – foram quatro gols no total -, Traoré fez um jogo perfeito diante Gana. Craque da competição e candidato a grande ídolo local.
Gabriel Jesus (Brasil), 18 anos – Palmeiras
Mesmo muito jovem, e podendo ter mais um mundial na carreira, Gabriel Jesus já se destacou nessa edição. Com muita vontade e velocidade, parece ter achado o seu setor em campo. Pelo lado direito, atuando aberto, deixou zagueiros loucos e foi exaltado pela incrível garra.
Técnico: Fanyeri Diarra (Mali)
Time reserva (Formação no 4-3-3)
Jean (Brasil), João Pedro (Brasil), Antonov (Sérvia), Lucão (Brasil), Rafa (Portugal); Podstawski (Portugal), Stendera (Alemanha), Milinković-Savić (Sérvia); Samassékou (Mali), Zsolt Kalmár (Hungria), André Silva (Portugal)