A Copa do Mundo de 1954, disputada na Suíça por ocasião do 50º aniversário da FIFA, cuja sede se localiza no país citado, teve a presença de 16 seleções: 11 europeias, 3 americanas e 2 asiáticas. Esse número poderia ter sido diferente, caso não fosse a ocorrência de um fato insólito envolvendo Espanha e Turquia durante a fase eliminatória. Como a Holanda se recusara a participar do torneio, só os dois escretes nacionais formaram o grupo 6, com jogos de ida e volta em Madri e Istambul, respectivamente.
No primeiro embate, os espanhóis levaram a melhor com a tranquila vitória por 4×1, no Estádio Nuevo Chamartín (antigo nome do Santiago Bernabéu). Os turcos, no entanto, demonstraram poder de reação no segundo duelo com um triunfo simples por 1×0, no Mithat Pasa, que foi demolido para dar lugar à atual casa do Besiktas. Na época, não havia critérios de desempate, então foi necessária a realização de uma nova partida em território neutro para definir de quem seria a vaga no Mundial.
O palco do encontro foi o Estádio Olímpico de Roma, na Itália, com um árbitro local. Para azar dos organizadores, e também da Espanha, que sofreu com a ausência de sua grande estrela, o atacante Ladislao Kubala, o empate por 2×2 manteve o cenário indefinido. Como as disputas de pênaltis seriam introduzidas apenas em 1978, os responsáveis tiveram de encontrar um modo para solucionar o problema. Foi aí que o jovem italiano Luigi Franco Gemmam, de 14 anos, perpetuou seu nome na história das Copas.
Filho de um trabalhador do estádio, o menino teve os olhos vendados e escolheu entre dois papéis, cada um com o nome de um país. A sorte brilhou para os turcos, que até o convidaram para acompanhá-los no Mundial, gentileza rejeitada por Gemman. Os espanhóis ficaram frustrados, obviamente, mas a Turquia também acabaria sofrendo. Na Copa, dividiu grupo com as futuras finalistas Hungria e Alemanha Ocidental, que a derrotou duas vezes, por 4×1 e 7×2. Ao menos, goleou a Coreia do Sul por 7×0.
