Em 1947, Mário Filho lançou um estudo não apenas sobre o desenvolvimento do futebol no Brasil, como também sua caminhada junto à formação da nossa sociedade e a relação de identidade que trouxe em uma época de grandes mudanças no cenário. “O Negro no Futebol Brasileiro” é considerado, desde então, um dos maiores clássicos da literatura esportiva no país.
Agora a de Mário Filho ganha uma adaptação para as telas, com a série de mesmo nome produzida pela HBO. Dividida em quatro capítulos, “O Negro no Futebol Brasileiro” atualiza o livro clássico e mostra que mesmo com diversas transformações na nossa sociedade o papel dos jogadores negros continua sendo fundamental para o esporte.
No primeiro capítulo da série dirigida por Gustavo Acioli, vemos uma espécie de tradução das palavras de Mário Filho para a tela da TV. O episódio inicial mostra os primórdios do futebol no Brasil, começando como um esporte voltado à burguesia e apropriado pelas massas, e as dificuldades vividas pelos atletas negros cuja qualidade era tão grande que nem mesmo as barreiras do preconceito eram capazes de segurar.
Na segunda parte apresenta-se a história de um dos maiores ícones do nosso futebol, Leônidas da Silva, e como ele foi importante para mudar o patamar do esporte no país e para o reconhecimento dos jogadores negros. A partir do surgimento de Leônidas a série faz uma ligação com o maior de todos, Pelé, e a mudança de percepção do futebol brasileiro par ao resto do mundo, vistos com destaque no terceiro episódio.
No capítulo final, voltado aos dias atuais, mostra-se a exportação dos talentos brasileiros para o futebol europeu, e a adaptação pela qual esses craques tiveram que passar, crescendo muitas vezes em ambientes carentes e tendo que lidar com outra realidade de vida a partir do sucesso.
Como qulquer bom documentário, “O negro no futebol brasileiro” conta com convidados importantes para contar a história. Um time formado por Júnior, Romário, Adriano e Cláudio Adão, entre outros, além de personalidades importantes da cultura brasileira, como o músico Gilberto Gil. Tudo para montar o contexto e mostrar que é impossível dissociar nossa sociedade do nosso futebol.