Nos últimos anos, temos presenciado a quebra de recordes históricos a nível de seleções. Grandes nomes do futebol perderam o topo da artilharia de seus respectivos países, como o alemão Gerd Müller, o espanhol Raúl e o francês Michel Platini.
Alguns que ainda gozam de tal honraria estão cada vez mais “ameaçados” – caso do argentino Gabriel Batistuta, do peruano Teófilo Cubillas e do chileno Marcelo Salas, por exemplo.
Nesta relação, é fundamental lembrar dos criadores do esporte tal como o conhecemos na atualidade. O maior goleador da Inglaterra era o lendário Sir Robert “Bobby” Charlton, antigo meia-atacante que defendeu Manchester United (1954 a 1973) Preston North End (1973 a 1974) e Waterford United (1975).
Ao longo de sua carreira, marcou 49 gols pela seleção nacional e também conquistou o título da Copa do Mundo de 1966.
Na última terça-feira (8), porém, o ex-jogador foi ultrapassado por Wayne Rooney, de 29 anos, que marcou de pênalti na vitória por 2 a 0 sobre a Suíça e derrubou uma marca que perdurava na equipe dos “Três Leões” desde 1970.
Depois do feito, o atacante do Manchester United ficou visivelmente emocionado e celebrou a marca. Mais tarde, foi homenageado nos vestiários e ganhou uma camisa especial com o número 50.
O cenário não poderia ter sido outro: o tradicional Estádio de Wembley, em Londres. Com o triunfo, a seleção inglesa também garantiu matematicamente a liderança do grupo E das Eliminatórias para a Eurocopa de 2016, com 24 pontos em 8 jogos.
Além disso, outro fato para ficar gravado na memória de Rooney foi a homenagem do próprio Bobby, que o recebeu nos Diabos Vermelhos em 2004 e o felicitou pela marca histórica.
Agora, são quase inevitáveis as comparações entre ambos. Em 2003, Rooney foi o atleta mais jovem a estrear (fevereiro, contra a Austrália) e a marcar (setembro, contra a Macedônia) pela equipe nacional, com apenas 17 anos.
Precisou de 107 partidas para se tornar o maior artilheiro de todos os tempos, enquanto Charlton havia estabelecido o antigo recorde em 106 encontros internacionais, entre 1958 e 1970.
No Manchester United, o ex-atacante, hoje com 77 anos, ainda lidera a tabela de goleadores históricos. Ele converteu 249 gols, à frente do companheiro Denis Law, que balançou as redes 237 vezes. Logo em seguida aparece Rooney, com 233 tentos. Aos 29 anos, tem plenas condições de deixar a lenda para trás, pelo menos em questões numéricas.
Quanto às virtudes de cada um, é difícil comparar, inclusive em função das diferentes épocas em que eles jogaram. Charlton é uma lenda consagrada que atuou ao lado de grandes nomes e ajudou a Inglaterra a alcançar a glória diante da Alemanha, em casa. Por outro lado, Rooney talvez seja desvalorizado por não ter repetido os feitos de Bobby.
São justas as acusações? Rooney jogou em equipes menos talentosas que as seleções da segunda metade da década de 1960. Mas suas estatísticas também impressionam. Levando em consideração jogos qualificatórios, ele fez 30 gols em 49 confrontos (1,63 gol por jogo). Já Bobby marcou 12 vezes em 19 aparições (1,58 gol por jogo).
Enfim, Rooney tem um peso valioso para a seleção da Inglaterra. Mesmo que não figure entre os maiores jogadores de seu país ao pendurar as chuteiras, é certo que a história lhe reservará um lugar consideravelmente importante nesta lista.