Balanceando um futebol ofensivo com uma defesa sólida, o Racing de Eduardo Coudet figura desde a quarta rodada na liderança da Superliga Argentina. Passados 16 dos 25 jogos da competição, quem mais se aproxima da La Academia na briga pelo título não são seus tradicionais rivais, e sim o cativante Defensa y Justicia de Sebastián Beccacece. A diferença entre as equipes é de apenas três pontos e ainda haverá um confronto direto.
Hoje, o quadro de Florencio Varela soma 36 unidades e o mesmo número de gols sofridos que o time de Avellaneda (9) – o menor da primeira divisão do país. Quando se trata de eficiência no ataque, o Racing marcou 29 tentos contra 22 do vice-líder, sendo 13 deles de Lisandro López, artilheiro isolado. Porém, o Halcón é o único invicto com 10 vitórias e 6 empates, enquanto os alvicelestes caíram frente ao San Martín, em Tucumán.
Na verdade, o desempenho do Defensa y Justicia não chega exatamente a surpreender, pois é nítida sua evolução de 2014 para os dias atuais, consolidando um projeto que se mostra cada vez mais ambicioso. Mesmo tendo sido comandado por diferentes técnicos nesse período, logrou resultados expressivos nacional e internacionalmente, como ter se classificado à Sul-Americana e eliminado o São Paulo em pleno Morumbi, em 2017.
Há seis temporadas na elite, o clube verde e amarelo teve à beira do gramado nesse intervalo nomes como o de Ariel Holán, hoje no Independiente, Nelson Vivas, que virou auxiliar de Diego Simeone no Atlético de Madrid, e o próprio Beccacece, assistente técnico de Jorge Sampaoli na última Copa do Mundo. Aliás, essa não foi a primeira vez que eles trabalharam juntos. Ambos possuem uma antiga relação profissional, iniciada em 2003.
Na época, o treinador comandava o Sport Boys, e Beccacece o acompanhou em vários clubes desde então. Em 2010, o auxiliar recebeu um convite de Marcelo Bielsa para integrar o corpo técnico do Chile, mas, por lealdade a Sampaoli, recusou-o. Integrou a referida equipe nacional anos mais tarde, ao lado de Sampaoli, e chegou a substitui-lo na Universidad de Chile, em 2016, mas o fraco rendimento minou sua permanência lá.
Enfim, a longa convivência dele com Sampaoli se reflete notadamente no modo como o Defensa y Justicia atua. Aos 38 anos, Beccacece põe à prova todo o conhecimento adquirido em sua trajetória até aqui: a valorização da posse, a participação do goleiro e dos defensores na saída de bola, a investida dos laterais, a superioridade numérica e a pressão para recuperar o domínio, tudo muito bem esmiuçado no MW Futebol.
Independentemente do desfecho desta edição da Superliga, seja com o improvável título ou mais uma vaga continental, o clube verde e amarelo hoje tem identidade e seduz, mostrando que apesar das limitações (técnicas e qualitativas) é possível sonhar grande fazendo diferente. Com a manutenção do bom trabalho de Beccacece, quem sabe até onde o Defensa y Justicia, que vive a melhor fase de sua história, poderá chegar?
Ainda não sabemos a resposta para essa pergunta, mas o clube de Florencio Varela é o terceiro melhor mandante (atrás de Vélez Sarsfield e Racing) e o segundo visitante mais eficiente (atrás do Racing), com triunfos fora de casa sobre Independiente, River Plate e Rosario Central, vencedor da Copa Argentina. Na próxima quarta (6), visita o Botafogo pela primeira fase da Copa Sul-americana, e o otimismo dos hermanos está alto.