A Rússia chegou às quartas de final da Copa do Mundo pela primeira vez desde a queda da União Soviética. Porém, como herdou os resultados da ex-potência do Leste Europeu, a fase é “comum” para o selecionado nacional. Desse modo, o país ficou quatro vezes entre os oito melhores – sendo a última delas na edição de 1970, no México
Em 1986, também em território azteca, a última grande geração russa prometia fazer bonito em Copas. Com expectativa bem alta, diferentemente deste ano, a equipe, que tinha como base o Dínamo de Kiev, da Ucrânia (12 convocados ao todo), contava com muitos destaques do futebol mundial. Até mesmo dois ganhadores da Bola de Ouro.
Na ocasião, o time possuía jogadores que atuavam somente na própria União Soviética, o que não era problema para brilhar fora de lá – e ter atenção de toda a imprensa internacional: Oleh Kuznetsov, Pavel Yakovenko, Aleksandr Zavarov, Aleksandr Bubnov, Oleh Protasov, Gennadiy Litovchenko, Rinat Dasayev, além de Oleh Blokhin e Ihor Belanov, bolas de ouro de 1975 e 1986, respectivamente.
Caso hoje seja inimaginável jogadores desse calibre e as quartas de final tenham sido comemoradas, à época a pressão era por uma enorme campanha.
Era a mistura de duas gerações talentosas. Oleh Blokhin, atacante considerado por muitos anos como um dos melhores da Europa, era o líder, aos 33 anos. Já o goleiro Rinat Dasayev, talvez o melhor de sua geração, tinha 28 e protegia bem a meta em seu auge.
Por sua vez, os meio-campistas Ihor Belanov, melhor do continente naquele ano, e Aleksandr Zavarov, craque que depois desfilou talento na Itália, tinham 25 anos e já davam mostras de seus potencial.
Comandados pelo histórico treinador Valeri Lobanovsky, a União Soviética caiu no grupo C, ao lado de Hungria, França e Canadá. Na estreia, show sobre a Hungria, em triunfo por 6 a 0. Na sequência, o empate em 1 a 1 com a França mostrou que, de fato, a União Soviética era uma das postulantes ao título. Para fechar a primeira fase na liderança, vitória por 2 a 0 sobre o Canadá. Média de gols que o mostrava seu poder de fogo.
Porém, as oitavas de final foram doídas para a seleção soviética. Diante da forte equipe da Bélgica, futura semifinalista, houve um dos grandes jogos da história dos mundiais. Atuação espetacular de Ihor Belanov, com três gols, vitória até os 32 minutos do segundo tempo e emoção. No entanto, o final foi triste: 4 a 3 para os belgas, na prorrogação.
A derrota marcou aquela geração que poderia chegar muito mais longe. Craques históricos reunidos naquela que seria a penúltima Copa da nação. O quase se prolongou durante os 30 minutos de prorrogação. E chegou aos pênaltis contra a Croácia em 2018.