A Região Sudeste é tradicionalmente poderosa no futebol nacional. Em virtude dessa força, seus representantes chegam com frequência às instâncias decisivas dos torneios do país. Vez ou outra, as zebras ainda conseguem dar as caras, embora nem sempre levem o título. De todo modo, elas escrevem histórias marcantes. Na Copa do Brasil de 1991, houve duas: além do Criciúma, campeão, teve também o Remo, semifinalista.
Para se compreender o valor da proeza aludida, até hoje nenhum outro clube do Norte chegou tão longe no certame. Quem esteve mais perto de repetir a façanha foi o Paysandu, que no mesmo ano eliminou o Ceará e perdeu para o Coritiba nas oitavas de final. Por sua vez, o Remo, que seria tricampeão estadual, brilhou sob o comando de Paulinho de Almeida e estabeleceu um recorde que se perpetua há quase três decênios.
No início de sua campanha inédita na Copa do Brasil, o Leão Azul tinha Luiz Paulo Vaz Camargo à beira do gramado, e assim enfrentou na primeira fase o Rio Branco-AC, contra o qual buscou a igualdade por 1×1 fora de casa e fez 4×0, no Baenão. Na sequência, já orientado por Paulinho de Almeida, surpreendeu ao frear o Vasco de Bebeto e Sorato, garantindo a classificação em São Januário depois de dois empates (0x0 e 1×1).
Embalado, o escrete remista mediu forças nas quartas de final com o Vitória, que estava na Série A do Campeonato Brasileiro, e fez valer a força de seus domínios para abrir vantagem de dois gols. No jogo de volta, segurou o empate a zero, dentro da Fonte Nova, e deu mais um grande passo. O desafio pela vaga na final agora era diante o Criciúma de Luis Felipe Scolari – primeiro no Mangueirão, e em seguida no Heriberto Hülse.
Na tarde de 12 de maio, o Remo entrou em campo representado por Wágner, Paulo Verdan, Emiliano, Ney, Chico Monte Alegre, Belterra, Varela, Edil, Paulo Sérgio, Tiago e Roberto (Bebeto), enquanto o Tigre de Santa Catarina escalou Alexandre, Vilmar, Itá, Sarandi, Roberto Cavalo, Gelson, Altair, Grizzo (Vanderlei), Zé Roberto, Jairo Lenzi (Jair) e Soares, autor do único gol do confronto, no fim do primeiro tempo.
A despeito do baque, o cenário não era tão grave e poderia ser revertido na condição de visitante. Uma semana depois, no dia 19 do mesmo mês, o clube de Periçá promoveu três mudanças em relação ao jogo de ida: o goleiro Wágner deu lugar a Samuel, e os atacantes Roberto e Paulo Sérgio começaram como suplentes. No lugar deles, entraram os meias Bebeto e Edmílson. Por outro lado, o Criciúma repetiu a escalação vitoriosa.
Diante de um público de 19,711 mil espectadores, os donos da casa criaram mais chances de perigo na etapa inicial e abriram o placar graças a um gol contra de Chico Monte Alegre, aos 35 minutos, em lance espalhafatoso. Aos 14 do segundo tempo, Soares aproveitou cruzamento de Jairo e, de bate-pronto, mandou para o fundo da rede, decretando a classificação dos catarinenses para a decisão contra o Grêmio.
Posteriormente, a equipe de Scolari empatou por 1×1 com o Tricolor Gaúcho em visita ao Olímpico Monumental, em Porto Alegre, e segurou a igualdade sem gols na volta, realizada no Majestoso, o que deu aos catarinenses o maior título de sua história. Enquanto ao Remo, a participação histórica na Copa do Brasil foi apenas um lampejo do que estaria por vir naquele período que ficou denominada como “A Década de Ouro”.